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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2003 Sara Orwig

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Mudar de vida, n.º 656 - Janeiro 2015

Título original: The Rancher, the Baby & the Nanny

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6466-5

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prefácio

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Epílogo

Volta

Prefácio

 

 

A Passagem do Cavalo, Texas, assim chamada devido à antiga lenda na qual um guerreiro apache se apaixonou pela filha de um capitão da cavalaria norte-americana. Quando o capitão descobriu, tentou forçar a filha a casar-se com um oficial, mas o guerreiro e a rapariga planearam fugir. Na noite em que o guerreiro a foi buscar, o oficial da cavalaria matou-o. O espírito do guerreiro transformou-se num cavalo branco que procura incessantemente a mulher que amou. Com o coração despedaçado, a jovem rapariga entrou para um convento onde, em noites de lua cheia, conseguia ver um cavalo branco a correr livremente pelo campo sem saber que era o fantasma do seu amado. Segundo a lenda, esse cavalo levará o amor à pessoa que o consiga domar. Não muito longe da Passagem do Cavalo, no condado de Pedras e Lago, existe um cavalo branco que corre pelas terras de três homens: Gabriel Brant, Josh Kellogg e Wyatt Sawyer. Levará o cavalo branco da lenda amor às suas vidas?

Capítulo Um

 

 

A Passagem do Cavalo.

 

– Oh, não!

Wyatt Sawyer estava com um bebé nos braços junto à janela da sua fazenda no Texas e observava uma mulher a sair de um carro. Enquanto ela se aproximava-se da casa, Wyatt percorreu o corpo dela com o olhar e descartou-a imediatamente da sua lista de possíveis amas. Ela própria parecia uma criança. Tinha os cabelos ruivos apanhados com uma pinça e caíam-lhe algumas madeixas para a cara. A ausência de maquilhagem, o anódino vestido e a blusa branca contribuíam para que parecesse uma miúda de dezasseis anos.

– Quantas amas é que vou ter que entrevistar para ti? – Wyatt perguntou ao bebé que dormia nos seus braços. Olhou para a sua sobrinha de cinco meses e sentiu-se inundado pela ternura. – Megan, minha querida, vamos encontrar a ama perfeita. Vou tratar de ti o melhor que eu puder – levantou o bebé e deu-lhe um beijo suave na testa. A seguir, voltou a prestar atenção à mulher que se aproximava da porta.

O sol de Maio iluminava o corpo da rapariga e revelava um olhar fresco, o que aumentava ainda mais a sua aparência juvenil. Wyatt gostava de lhe poder perguntar a idade porque lhe parecia impossível que ela pudesse ter mais do que dezoito anos. Quando a observou com mais cuidado, reparou que ela tinha umas pernas compridas. Pensou em duas das mulheres que já entrevistara e que eram autênticas beldades. Em ambas as vezes, quando entrara na sala, ficara sem fôlego. E três minutos tinham sido suficientes para se dar conta que nunca poderia deixar a Megan com alguma delas.

Suspirou. Porque é que era tão difícil encontrar ajuda? O ordenado que oferecia não era mau. Mas ele sabia qual era o inconveniente. A mulher teria que viver na quinta. As que tinham família em algum lugar não estavam muito mais interessadas em viver na quinta do que aquelas que vinham da cidade. Ou então, as candidatas estavam à procura de um potencial marido e Wyatt não estava interessado num casamento.

A campainha soou e ele foi atender. Abriu a porta e deu de caras com um par de olhos verdes que olhavam para ele com uma astúcia alarmante. Durante alguns segundos, encontraram-se ambos presos pelo silêncio, e isso era uma experiência um pouco estranha para Wyatt. Pestanejou e olhou para ela. A rapariga tinha sardas no nariz.

– Senhor Sawyer, eu sou a Grace Talmadge.

– Entre. Chama-me Wyatt – disse ele, sentindo-se mais envelhecido do que os seus trinta e três anos. Quanto tempo levaria para se livrar dela? Conseguira despachar as outras em vinte minutos, mas com aquela não tinha intenção de perder mais do que dez. Ela não podia ter mais do que vinte e um anos.

– É tua filha? – perguntou ela.

– É a minha sobrinha, Megan. Eu tomo conta dela.

– É um bebé lindo.

– Obrigado. Eu também o acho. Entra – repetiu Wyatt.

Quando Grace passou à sua frente, ele sentiu um aroma a limão. Seria do sabonete? Fechou a porta e guiou-a pelo corredor. Parou e abriu-lhe a porta para a sala de família, entrando depois dela.

Ela ficou de pé a olhar à sua volta como se nunca tivesse estado numa sala assim.

Wyatt olhou para a sala pois não lhe costumava prestar muita atenção. Era a única habitação da casa que não sofrera qualquer tipo de remodelação desde a sua infância, com o familiar artesoado, o lince dissecado, as cabeças de veado e antílope; todos animais que tinham sido mortos pelo seu pai. Havia também estantes cheias de livros, tapetes de pele de urso e uma espingarda pendurada sobre a chaminé.

– Deves ser um caçador – disse ela, franzindo a testa.

– Não, o meu pai é que era caçador. Gostava de matar animais selvagens e grandes – disse Wyatt, sabendo que, depois de tantos anos, continuava a não conseguir esconder a amargura das suas palavras. – Senta-te, por favor – acrescentou enquanto atravessava a sala para se sentar numa cadeira de baloiço. Embalou o bebé nos seus braços e começou a baloiçar-se levemente.

Grace Talmadge sentou-se numa cadeira à frente dele, com as pernas cruzadas pelos tornozelos e as mãos cruzadas no colo.

– Então, menina Talmadge, tens experiência como ama?

– Não – respondeu ela. – Sou contabilista de uma empresa de rotulagem em Santo António. Estou há cinco anos neste emprego mas o dono decidiu reformar-se e vai fechar a empresa. Portanto preciso de arranjar outro emprego.

Aquilo dos cinco anos surpreendeu-o e ele concluiu que ela deveria ter ido trabalhar assim que acabou o liceu.

– E porque é que queres ser ama? Tens noção que isso significa que vais viver aqui, na fazenda?

– Sim, eu percebi isso pelo anúncio.

– Se nunca foste ama, quais são as tuas qualificações para este trabalho? Tiveste algum contacto com crianças?

– Para ser sincera, não, mas acho que posso aprender.

– Obrigado por ter vindo até aqui – disse Wyatt, pondo-se de pé. – Eu sei que vieste de longe, mas eu preciso de alguém com experiência para este trabalho.

Ela também se pôs de pé e olhou para ele.

– E tu, tiveste muita experiência como pai?

– Não, eu não tive escolha, mas sou família da… – parou quando se deu conta daquilo que ia dizer. Ser família não queria dizer necessariamente amor e carinho.

– Pelo menos, dá-me uma oportunidade – disse ela.

– Porque é que queres o trabalho se não tens experiência? Talvez detestes ser ama.

– Ah, não, Eu nunca detestaria tomar conta de um bebé.

– Tens lidado com crianças?

– Tenho alguns primos pequenos com os quais estive algumas vezes, mas eles vivem no Oregon portanto não os vejo com frequência.

– Não estás aqui à procura de marido, pois não? Eu não sou um homem que queira casar.

Ela riu-se mostrando os seus dentes brancos e os olhos brilhantes.

– Não! Claro que não. Nem sequer te conhecia quando soube do trabalho. Eu tenho uma amiga na Passagem do Cavalo, portanto já ouvira falar de ti. Mas acho que eu e tu não temos nada em comum.

– Desculpa, mas algumas das mulheres que entrevistei tem sempre o casamento em mente. Então, se não percebes nada de bebés e não estás interessada em casar, porque razão estás disposta a viver aqui, afastada de tudo, comigo e com a minha sobrinha? Porque é que queres este trabalho?

– Eu andei a estudar na universidade e quero pagar as minhas dívidas. Já tenho o curso superior e agora quero fazer um mestrado em contabilidade. Se eu conseguir este trabalho poderei poupar dinheiro e, quando a menina estiver no infantário, eu poderei ir às aulas enquanto ela está fora.

– Falta muito para isso. Ela ainda é só um bebé.

– O tempo voa e, nessa altura já terei poupado dinheiro. Mas, por enquanto, tenho que pagar as minhas dívidas.

– Então, quando conseguires o teu mestrado, eu fico sem ama?

– Não. O mestrado será algo só para o caso de eu precisar. Talvez possa trabalhar como contabilista enquanto a Megan está na escola. É só para estar mais bem preparada.

– Fala-me da tua família. Vivem em Santo António? – perguntou, dando-se conta que ela tinha a boca rosada e os lábios sensuais.

– Não, são missionários na Bolívia. Tenho duas irmãs. A Pru, que vive em Austin e é terapeuta e professora voluntária. A mais velha, Faith, é enfermeira e trabalha como voluntária com pessoas de idade e incapacitadas.

Ao ouvi-la, Wyatt lembrou-se dos seus amigos de infância, Josh Kellogg e Gabe Brant, que adoravam os pais e os irmãos e eram correspondidos. Ainda se lembrava da surpresa ao ir a casa do Gabe e descobrir que uma família podia ser acolhedora.

– Tenho aqui uma foto – disse ela, abrindo a mala, tirando uma fotografia e mostrando-lha.

– Andas com uma foto da tua família contigo?

– Sim, gosto de olhar para ela.

Quando agarrou na fotografia, os dedos dele roçaram nos dela e ele teve plena consciência disso. A foto mostrava um casal sorridente, de mãos dadas e duas raparigas de cabelo castanho. Por trás deles havia umas montanhas verdes.

– São os teus pais? – perguntou, observando o homem alto e de cabelo escuro e a esbelta ruiva que parecia demasiado jovem para ter três filhas adultas.

– Sim. São o Tom e a Rose Talmadge. Casaram muito jovens.

– Com quinze anos?

– Claro que não! Tinham dezoito. Enganaste-te por três anos. Eram amigos de infância. O meu avô paterno, Jeremy, é juiz no forte Worth.

– É uma família agradável – disse ele.

– Estas são as minhas irmãs. Foram visitar os meus pais o ano passado mas eu estava no último semestre da universidade e não pude ir.

– Então, tens uma família de benfeitores, no entanto, tens formação em contabilidade e queres ter um trabalho bem remunerado?

– Sim. A minha família diz que eu sou a pratica. Na verdade, tenho muito jeito para os números e gosto de fazer dinheiro. O dinheiro significa muito pouco para o resto da minha família.

– Bom, pelo menos temos algo em comum – disse ele. – Eu também gosto de fazer dinheiro. Mas não me parece que o teu jeito para os números seja muito útil para tomares conta de um bebé disse Wyatt, entregando-lhe a fotografia. – Os teus pais parecem muito agradáveis.

– E são-no – disse ela, voltando a guardar a fotografia na mala. – Sei que não tens boa opinião sobre mim, mas eu venho de uma família estável e trabalhadora e tenho boas referências. Acho que consigo aprender a tomar conta de um bebé.

– Wyatt estava intrigado. Aquela rapariga de pronúncia suave e sardas no nariz estava a convencê-lo a pouco e pouco. E ele sabia porquê. Para além da ténue ligação que tivera com o seu irmão, Hank, Wyatt nunca fora muito unido à sua família. Grace lembrava-lhe o seu passado de uma forma que poucos tinham conseguido.

– Senta-te para falarmos – disse Wyatt.

Ela sentou-se na mesma posição que anteriormente. Parecia assustada, no entanto, levantara-se para lhe fazer a pergunta sobre a experiência dele como pai. Naquilo, ela tinha razão. No primeiro dia, ele levara horas para descobrir como pôr a fralda à Megan.

– Este trabalho implica que vivas aqui na fazenda. Significa viveres nesta casa com a Megan e comigo – lembrou-lhe.

– Há alguma razão pela qual isso me deveria preocupar?

– O isolamento.

– Isso não me faz diferença.

– Isso é um pouco estranho vindo de uma pessoa tão jovem. Esta é a altura mais importante para encontrar marido. A maioria das mulheres não gosta de isolamento.

Ela sorriu.

– Arranjar marido não faz parte da minha lista de prioridades. Ocupar-me-ei da tua sobrinha e o isolamento não me incomodará.

– Não te queres casar?

– Se algum dia surgir a oportunidade mas, se isso não acontecer, não me importarei. Eu tenho uma vida muito ocupada.

Ele não acreditou nela mas mudou de assunto.

– Trabalha comigo uma senhora que tem a dupla função de cozinheira e de governanta e que vive na fazenda, portanto será uma ajuda, mas se tu fores a ama, terás que viver nesta casa. Como esta passará a ser a tua casa durante a semana, preciso saber se existe algum namorado.

– Não, não existe nenhum namorado. Estive ocupada a tentar acabar a universidade e não tive tempo para conhecer pessoas.

– Estar ocupada não tem nada a ver com ter tempo para conhecer pessoas.

Ela encolheu os ombros e disse:

– Nunca encontrei ninguém que estivesse realmente interessado em mim. Eu não costumo sair com rapazes.

– Há quanto tempo é que acabaste o liceu? – perguntou ele para tentar descobrir a idade dela.

– Tenho vinte e cinco – disse ela, com um sorriso. – Acabei há sete anos.

A Megan esticou os braços ao acordar e começou a chorar.

– Como é que está a minha menina? – perguntou Wyatt, pondo-se de pé. – Dás-me um momento para eu a mudar e lhe dar um biberão?

– Claro.

Ele afastou-se e Grace observou-o com um misto de sentimentos. A Virgínia Udall, sua amiga da universidade, tinha-a advertido sobre o Wyatt. Tinha-lhe falado sobre o seu obscuro passado e como tivera que abandonar o liceu e a cidade. Ouvira histórias sobre a forma como se descontrolava, sobre as loucuras que cometera enquanto jovem, sobre as raparigas que seduzira e sobre as desordens com bêbedos nos bares. A Virginia tinha uma irmã mais velha que andara no liceu com o Wyatt. Grace vira no álbum anual da escola uma fotografia dele. Lembrava-se de olhar para a fotografia de um rapaz que, apesar do cabelo comprido e descuidado, era o mais giro da escola.