cub_desj665.jpg

6413.png

 

 

Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2004 Alexandra Sellers

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Um mundo de sensações, n.º 665 - Fevereiro 2015

Título original: The Ice Maiden’s Sheikh

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2006

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6470-2

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Capítulo Dezassete

Capítulo Dezoito

Capítulo Dezanove

Epílogo

Volta

Capítulo Um

 

A noiva tinha desaparecido.

Jalia foi buscá-la à varanda, mas não a encontrou. O que é que lhe acontecera? Onde estava a Noor? Por que razão se teria ido embora?

«Espero que seja uma brincadeira e que não tenha mudado de ideias à última hora…», pensou.

– Noor? – chamou. – Onde estás?

No jardim, centenas de convidados começavam a cochichar nervosamente e Jalia sentiu que o coração lhe parava.

Tinha que a encontrar o quanto antes para dar início à cerimónia. Foi então que viu um jardim mais pequeno por baixo da varanda.

– Noor? – chamou.

Nada.

Os nervos apoderaram-se de Jalia.

Seria por culpa sua que a noiva se tinha ido embora? De certeza que as pessoas achariam que sim.

Latif Abd al Razzaq Shahin iria atirar-lhe à cara que ela se intrometera no repentino casamento da sua prima com o amigo dele, Bari.

Ele já tinha falado com ela e fora uma conversa muito desagradável.

– Noor! – gritou Jalia.

Já não era possível esconder a situação. Era tão típico de Noor criar uma situação melodramática em vez de ser racional, como Jalia lhe aconselhara.

Devia ter pensado duas vezes antes de aceitar casar-se com um desconhecido num pais que também não conhecia!

E era também típico de Noor deixá-la para trás para resolver as coisas. A sua prima não sabia manter a boca fechada e, graças aos seus comentários, toda a família sabia que Jalia se opusera àquele casamento desde o início.

Claro que a iriam culpar pela fuga de Noor.

O primeiro seria Latif Abd al Razzaq Shahin.

Não é que a opinião dele lhe importasse, mas aquele homem era cruel e mordaz e Jalia detestava-o.

E falando do diabo…

Jalia viu-o no jardim, trajado com as vestes cerimoniais da guarda de honra, e ficou a olhar para ele.

Num piscar de olhos, ele estava à sua frente, bloqueando-lhe a passagem.

– Onde está a tua prima? – perguntou-lhe.

Jalia ficou com pele de galinha e perguntou-se como é que ele a teria reconhecido visto ela ter a cara coberta por um véu.

– Desculpe, mas eu não falo inglês – respondeu, tentando dissimular.

– Não brinques comigo, Jalia – insistiu ele, cerrando os dentes. Onde é que ela se meteu?

– Eu não sou a Jalia – respondeu ela, tentando livrar-se dele. – Por favor, afaste-se do meu caminho – acrescentou, com desdém.

Latif Abd al Razzaq Shahin esticou o braço e levantou-lhe o véu, destapando-lhe os cabelos loiros que lhe caíam sobre um dos lados da cara e lhe faziam sobressair os olhos verdes.

Ficaram a olhar um para o outro e a mútua hostilidade impregnou o ar.

Após alguns segundos, ele soltou o véu.

– Onde é que se meteu a tua prima? – perguntou com dureza.

Jalia levantou o queixo e, apesar de ter sido apanhada a mentir, olhou-o com desprezo.

– Não te atrevas a falar-me nesse tom – advertiu.

– Onde está a Noor?

– Não faço ideia. Estava à procura dela. Portanto, se não te importas, sai do caminho para que eu possa prosseguir.

– Eu já a procurei por toda a casa e não a encontrei, portanto, é óbvio que se foi embora.

– Foi-se embora? – disse Jalia, horrorizada. – Isso é impossível. Para onde é que ela iria?

– Isso é exactamente o que o Bari gostaria de saber.

– E porque razão é que acham que eu iria saber para onde é que ela foi?

– És a prima dela.

– Garanto-te que ela não me disse nada – insistiu Jalia. – Eu estava à espera dela juntamente com as outras damas de honor…

Nesse momento, Latif Abd al Razzaq Shahin deu-se conta que ela tinha algo na mão.

– O que é isso? – perguntou, segurando-lhe no pulso.

– Não é assunto teu!

– Abre a mão.

Jalia tentou safar-se mas ele era mais forte e obrigou-a a abrir a mão.

Humilhada, teve que mostrar o diamante que ela escondia na mão.

– O que é isto? – perguntou, com frieza.

– Sabes perfeitamente – respondeu Jalia.

– O anel de noivado da sua prima era inconfundível. Toda a gente sabia que era o diamante Khalid.

A sua prima deixava-se encandear por jóias assim, mas Jalia sabia muito bem aquilo que estava por trás de uma oferta de tanto valor… um homem como Bari al Khalid ou como Latif Abd al Razzaq Shahin.

– Diz-me imediatamente onde está a tua prima.

– Já te disse que não faço ideia!

Os cabelos meteram-se-lhe nos olhos e Jalia afastou-os com brusquidão. Estava farta daquela estúpida indumentária.

Segundo a tradição, o noivo, que é muito perspicaz, tinha que descobrir, entre todas as mulheres vestidas de igual, quem era a sua noiva.

Claro que a sua prima tinha decidido vestir-se de branco, seguindo a tradição ocidental, e as damas de honor iam de verde, portanto, não era preciso ser muito perspicaz para saber qual era a noiva.

No entanto, para seguir a tradição, tinham insistido em fazer aquela idiotice. Era por coisas como aquela que Jalia estava agradecida por os pais dela terem abandonado o Bagestão muitos anos antes. E não gostava da ideia de voltar.

Latif Abd al Razzaq Shahin olhava para ela, incrédulo. Jalia sabia que não acreditava nela e que achava que, como ela se opusera àquele casamento, era cúmplice daquela sabotagem de último momento.

Que diferença é que lhe fazia a opinião daquele desgraçado?

– Tens o anel dela.

– Sim.

– Como é que foi parar às tuas mãos?

– O que é que tens que ver com isso? Volto a dizer-te para não me falares nesse tom.

– Em que tom gostarias que eu te falasse? – disse Latif Abd al Razzaq Shahin, aproximando-se dela, perigosamente.

– O que gostava mesmo é que não me falasses de todo – respondeu, sorridente.

Jalia estremeceu dos pés à cabeça, mas manteve a compostura.

Ela desgostava profundamente daquele homem e era óbvio que ele também não gostava dela.

Ainda bem.

Aquele homem tinha tudo aquilo que ela detestava num ser humano. Era autocrático, altivo, demasiado seguro de si próprio, demasiado masculino e demasiado orgulhoso.

– A tua prima falou contigo antes de se ir embora?

Jalia arqueou a sobrancelha.

– Quero saber se te disse, por exemplo, se ia para o palácio.

– Eu volto a repetir-te que não faço ideia onde está a minha prima. Eu não tive nada que ver com isto. E se ela não se tiver ido embora por vontade própria? E se lhe tiver acontecido alguma coisa?

Latif Abd al Razzaq Shahin olhou para ela com desprezo.

– Temos que ir falar com os outros – disse-lhe. – Vamos.

Jalia cerrou os maxilares. Tinha que ir falar com os pais da Noor. O facto de estar a segui-lo, de lhe fazer crer que obedecia às suas ordens, deixava-a louca.

De qualquer forma, devia estar presente quando Latif Abd al Razzaq Shahin mostrasse o anel de Noor, senão ele seria capaz de dar a entender às pessoas que ela tinha tido alguma coisa a ver com aquilo.

Capítulo Dois

 

Desceram as majestosas escadas de mármore que iam dar ao jardim principal.

Os convidados pareciam confusos.

Apenas o sultão e a sultana pareciam tranquilos, conversando com quem se aproximasse, formando assim uma ilha de paz num oceano de preocupação.

– O que é que terá acontecido?

– Onde está a princesa?

– Terá adoecido?

– Há casamento ou não?

Jalia ouviu todas aquelas perguntas e muitas mais mas não parou para responder a nenhuma delas pois tinha algo mais importante para fazer.

As famílias encontravam-se no espaçoso vestíbulo de recepção, a falar em voz baixa, visivelmente consternadas.

O chão estava coberto com magníficos tapetes sobre os quais tinham posto toalhas, recipientes de porcelana, copos de cristal e talheres de prata. Parecia que, de repente, milhares de pessoas tinham decidido fazer um piquenique.

– Jalia! – exclamaram a sua mãe e a sua tia, correndo para ela. – Falaste com ela antes de ela se ir embora? Onde é que foi? O que é que está a acontecer?

– Ela foi-se embora? – exclamou Jalia.

– Sim, e levou a limusina – explicou a mãe dela. – Foi-se embora vestida de noiva!

– Não trocou de roupa? E levou bagagem?

– Não, os criados dizem que não tocou numa única mala. No palácio não sabem nada dela. Disseram que, se ela aparecer, nos telefonam a avisar. Tu não sabes nada? – perguntou-lhe a tia.

– Não sei absolutamente nada – assegurou Jalia. – Eu não estava com ela. Estava com as outras damas de honor e depois subi para a ir buscar. A cabeleireira disse-me que tinha ido à casa de banho, portanto esperei. Passados cinco minutos, entrei e ela já não estava. Lamento, eu devia ter avisado logo mas pensei que, com os nervos, se tivesse enganado no caminho… portanto fui à procura dela. Imagino que tenha sido uma perda de tempo, mas achei que, talvez…

– Sim, que poderia ser um dos joguinhos da minha filha – tranquilizou a sua tia. – Sim, eu teria pensado o mesmo, mas parece-me mais grave do que isso. Caso contrário, não se teria ido embora. Não sei o que é que pode ter acontecido. Quando falei com ela há pouco estava muito feliz…

– Tia, antes de se ir embora… bom, encontrei o anel de noivado dela no chão do quarto.

Latif Abd al Razzaq Shahin mostrou-lhe o anel e a tia olhou horrorizada.

– Deve ter tido um ataque de pânico – comentou alguém. – Deve ter ficado nervosa.

Jalia teve a sensação de que toda a gente se virava para ela, culpando-a do acontecido.

Naquele instante, apareceu o tio de Bari, nervoso e consternado.

– O Bari também desapareceu! Os guardas acabaram de me dizer que foi à procura de Noor!

– Minha mãe! – exclamou a princesa Zaynab.

– Sim, pelos vistos, um dos guardas disse ao Bari que a tinha visto partir na limusina e o Bari foi imediatamente atrás dela – disse Latif Abd al Razzaq Shahin.

Toda a gente se virou para ele.

– Antes de se ir embora, pediu-me para ir falar com a Jalia para ver o que é que ela sabia.

Os olhares viraram-se todos novamente para ela.

– Eu não sei nada! – defendeu-se ela. – A Noor não falou comigo antes de se ir embora.

– Vou à procura deles – disse Latif Abd al Razzaq Shahin.

– Obrigada – disse-lhe a mãe de Noor.

– Jalia, vem comigo.

Jalia olhou para ele, indignada.

– Eu? Para quê?

– Sim, filha, vai com ele – disse a mãe dela. – Talvez entre os dois…

Porque razão queria Latif Abd al Razzaq Shahin que ela o acompanhasse quando, como era evidente, não a suportava?

– Por favor, Jalia, vai com ele – pediu a princesa Zaynab. – Se encontrarem a minha filha, tentem trazê-la à razão. Digam-lhe para ter calma e que volte porque estamos à espera dela.

Enquanto esperava pelo carro de Latif Abd al Razzaq Shahin, Jalia deu-se conta que estava vestida como as mulheres das montanhas quando descem aos bazares com uns vestidos maravilhosos.

Muitas eram loiras de olhos verdes, como ela. Jalia achara sempre que aqueles traços vinham da parte francesa da família, pela sua avó materna, mas agora percebia que não era assim.

– Não percebo porque é que queres que eu vá contigo – disse ela, quando se encontrava já dentro do carro.

– Eu não preciso de ti para nada – respondeu Latif Abd al Razzaq Shahin, com desdém. – Mas, caso não te tenhas dado conta, toda a gente desconfia de ti e eu achei que era o meu dever salvar-te… apesar de não ter a certeza se o mereces.

Assim que abriram os portões, dois homens e uma mulher abordaram o carro. Um dos homens tinha uma câmara de filmar ao ombro e a mulher tinha um gravador.

– Excelência, poderíamos falar uns momentos?

– O que é que aconteceu? O casamento foi celebrado? Por que razão é que a princesa Noor se foi embora?

Cada vez havia mais jornalistas e Latif Abd al Razzaq Shahin teve que conduzir com muito cuidado para não os atropelar.

Batiam nos vidros com os gravadores e não paravam de fazer perguntas, mas Latif Abd al Razzaq Shahin estava impávido.

– Meu Deus, oh, meu Deus – lamentou-se Jalia.

– Não lhes dês atenção – aconselhou Latif Abd al Razzaq Shahin, com uma calma admirável.

– Princesa, princesa!

Jalia virou-se e levou com um flash na cara. Como é que tinham descoberto? Ela tinha tido muito cuidado.

– Princesa, por que razão fugiu a sua prima? Fugia de um casamento forçado?

Um casamento forçado?

Jalia não conseguiu evitar negar com a cabeça.

– Então, ia casar por sua própria vontade? Isso complica as coisas. Por que razão se foi embora? Compreende a razão?

– Meu Deus… – lamentou-se Jalia.

Latif Abd al Razzaq Shahin pisou no travão e no acelerador ao mesmo tempo, criando uma enorme nuvem de pó à volta do carro.

Os jornalistas, cegados e a tossir, não tiveram outra alternativa senão afastar-se e deixar que eles partissem. Ambos riram em uníssono, como crianças malandras.

– Não percebo como é que souberam quem eu era – disse Jalia, ao fim de algum tempo.

Ao contrário da sua prima, que ficara encantada desde o primeiro momento com a história de ser princesa, Jalia não queria que se soubesse. Aliás, nem sequer contara aos seus amigos.

– Foste tu que lhes disseste – respondeu Latif Abd al Razzaq Shahin. – Eles gritaram «princesa!» e tu viraste-te logo.

– Raios! Porque é que tirei o véu? – lamentou-se ela.