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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2005 Juliet L. Burns

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Um coração desprotegido, n.º 663 - Fevereiro 2015

Título original: High-Stakes Passion

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2006

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6471-9

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Epílogo

Volta

Capítulo Um

 

– Tive saudades tuas, querida – um robusto corpo masculino cingiu-se contra as costas de Audrey que, assustada, se tentou soltar. Mas ele segurava-a com força pela cintura, beijando-lhe torpemente o pescoço. – Preciso de ti esta noite – o seu hálito tresandava a cerveja e, quando deslizou a mão para lhe apalpar o traseiro, Audrey despertou da apatia e deu-lhe uma violenta canelada. Depois, numa reacção rápida, pegou numa faca que estava em cima da bancada e ameaçou-o com ela. O homem afastou-se.

Estava sozinha numa casa estranha. A única pessoa que sabia onde ela estava era o seu editor…

– Maldita! – exclamou o homem, com uma expressão de dor. O cabelo quase lhe tapava a cara e tinha barba de vários dias. – Não era preciso ires tão longe.

O ter-se feito passar por cozinheira talvez não tivesse sido uma ideia assim tão boa. Tinha de haver uma forma mais fácil de a levarem a sério na revista.

– Você… apalpou-me – ripostou ela, a tremer. Era impossível que aquele fosse o campeão de rodeio que ela tinha ido entrevistar.

– Afaste isso. Não lhe vou fazer mal.

Incrédula, Audrey reconheceu os seus belos olhos azuis. Não podia acreditar…

Mark Malone. O cowboy solitário.

Há cinco meses atrás, tinha caído de touro abaixo, em Cheyenne. A última vez que vira Mark Malone estava a ser levado de maca e, desde então, o seu agente tinha-o proibido de dar entrevistas. Audrey tinha-o imaginado numa cadeira de rodas… ou pior ainda.

– É o senhor!

– Sou quem? – Mark massajava a perna dorida enquanto ela pousava a faca no balcão da cozinha. Além disso, com a sua destreza para o pontapé podia muito bem dispensar a arma. Tinha-se engando, não era a Jo Beth. Deveria ter calculado que ela não iria aparecer na sua casa. Depois do acidente, Jo Beth começou a sair com outra estrela do rodeio.

– O Cowboy Solitário.

– Já não – disse ele, com um sorriso irónico, olhando para a rapariga, despenteada e em fato de treino. Como tinha ela entrado ali? Seria uma fã, uma jornalista? Como tinha conseguido entrar no seu rancho sem autorização?

– E a senhora, quem é?

– Sou a nova cozinheira.

– O quê? O meu capataz não me informou de que iria ter uma nova cozinheira – respondeu ele, olhando-a de cima a baixo. Muito nova, muito…

– Talvez estivesse bêbado quando lhe disse – ripostou ela. Pareceu ter-se arrependido assim que disse isto, porque logo a seguir tapou a boca com a mão.

Desbocada, pensou Mark.

Estava-lhe a chamar bêbado? Depois das notícias que o médico lhe tinha dado, tinha mais do que razões para beber uns copos.

– Está despedida. Não a quero aqui.

Se ia ter de viver com dores o resto da vida, ao menos que vivesse em paz.

– Foi o John que me contratou, pode perguntar-lhe. Desculpe tê-lo magoado, mas…

– Menina, esteve prestes… – Mark ia dizer «a deixar-me paralítico», mas ele já estava paralítico. – Volte para a sua casa, eu não preciso de uma cozinheira.

– O senhor precisa de algo mais que uma simples cozinheira – respondeu ela, com as mãos na cintura. – O que precisa é de um milagre!

E depois, saiu da cozinha como um furacão.

Tanto melhor, pensou Mark. Não queria ter alguém a espiá-lo continuamente dentro da sua própria casa. Suspirou e depois pegou numa garrafa de uísque e levou-a para a sala de estar. Era melhor acabar o que tinha começado, disse para si mesmo. A dor na perna estava-o a matar.

Meia hora depois, o uísque já tinha produzido os seus efeitos. Meio ensonado, Mark estava a ver televisão quando alguém lhe tirou o comando da mão.

– A nova cozinheira acaba de me dizer que a despediste – suspirou John, desligando a televisão.

– Eu não a quero aqui. É demasiado… enérgica.

John era mais que um simples capataz. Estava bastante mais perto da imagem de um pai.

– Quando é que foi a ultima vez que fizeste uma refeição decente?

Mark tirou-lhe o comando das mãos e voltou a ligar a televisão.

– Sinto-me perfeitamente bem.

– Mas eu não! Não consigo ver-te assim! – exclamou John, colocando-se em frente do ecrã. – Olha, filho, eu tenho sido muito paciente contigo. Sei que tens tido muito azar, mas nunca antes te vi ir abaixo desta maneira. Tens que continuar a levar a vida para a frente…

– Deixa-me, John – interrompeu-o Mark, cerrando os dentes. Tinham-lhe tirado a única coisa que sabia fazer, a única coisa que o fazia esquecer quem de facto era. O único que queria era que o deixassem em paz.

Abanando a cabeça, John murmurou um palavrão, algo que nunca antes tinha feito.

– Como queiras. Continua a esconder-te do mundo. Mas se quiseres que eu fique aqui, a rapariga também tem de ficar. Além de cozinhar, também ficou de limpar a casa…

– Eu não preciso…

– Duas empregadas já se foram embora e para conseguires vender esta casa tem de ser arrumada – interrompeu-o o capataz. – Foi uma sorte ter aceite ficar depois de ter visto este desastre.

Mark não disse palavra e, desesperado, John voltou-se.

– John – chamou-o, então, Mark. O homem voltou-se, com uma expressão desolada. – Está bem. Ela pode ficar.

 

 

Depois de falar ao telefone com o John, Audrey meteu-se na cama mas não foi capaz de dormir. Tinha estado a limpar a cozinha durante a tarde toda e sentia-se esgotada. Porém, não era isso que lhe tirava o sono.

Todas as fantasias sobre o seu herói tinham ido por água abaixo. Se não fosse tão grande o desespero para conseguir a entrevista, tinha voltado para Dallas sem olhar para trás.

Chegara ao rancho naquela mesma manhã, cheia de ilusões, mas o que encontrou foi uma casa praticamente desmobilada, dessarrumada e suja. O cheiro a comida podre, cerveja e tabaco tinha-se espalhado por todos os quartos. A mesa da cozinha estava coberta de pratos, cinzeiros e garrafas vazias de cerveja…

Respirando fundo, Audrey ajeitou o travesseiro com a mão. Não conseguia acreditar que aquele bêbado era o herói que a tinha salvo há nove anos atrás. Fechou os olhos e recordou a noite em que se conheceram…

Estava no estábulo, em frente à cela do Lone Star, a escrever um artigo para o jornal da escola.

– Ouve lá, gorda! Não te enganaste no sítio? O lugar dos porcos não é aqui.

O comentário foi seguido de várias gargalhadas.

Audrey partiu a ponta do lápis. Oh, não, outra vez não! Era a quadrilha dos pedantes que se metia com ela todos os dias. Mas não se deixou intimidar. Voltou-se para eles, apertando o caderno contra o peito.

– Deixem-me em paz!

O chefe da pandilha aproximou-se dela, com expressão ameaçadora.

– O que é que se passa aqui? – ouviu-se uma voz masculina desde a porta.

Era um homem muito alto, com ombros largos.

Ela conteve o fôlego. Era ele. Mark Malone, o Cowboy Solitário.

A camisa branca, bastante ajustada nos seus ombros larguíssimos, e as perneiras de cabedal chamavam a atenção para a parte que estava apenas coberta pelas calças de ganga.

Audrey ficou hipnotizada.

– Não se meta nisto – replicou o rapaz.

Mark Malone puxou o rapaz pelos colarinhos e levantou-o do chão.

– Eu ganho a vida a montar touros. Sabes o que é que isso quer dizer?

O rapaz abanou a cabeça com veemência.

– Não.

– Quer dizer que, para mim, é indiferente viver ou morrer. Se vocês não se puserem daqui a andar, agora mesmo, dou uma sova aos cinco – Mark soltou o rapaz, que deu um passo atrás, assustado, e saiu a correr com os outros atrás.

O Cowboy Solitário aproximou-se de Audrey. Cheirava a sabão, a couro e a perfume masculino.

– Magoaram-te? – perguntou-lhe, tirando o chapéu da cabeça.

– Não – respondeu ela, engolindo em seco, enquanto se perdia nos olhos azuis fantásticos que tantas vezes tinha admirado nas revistas.

– Está tudo bem. Já se foram embora.

Audrey já se tinha habituado à ideia de ser uma miúda gordinha e nada atraente, mas, naquele momento, desejava ser tão bonita como as suas irmãs.

– Anda, eu acompanho-te – disse Mark. O céu estrelado de Fort Worth brilhava sobre eles. – Que idade tens?

– Vou fazer dezasseis – respondeu Audrey. Muito nova para uma estrela do rodeio com vinte anos. – Obrigado por me teres ajudado.

Mark sorriu, com uma expressão cansada.

– É para isso que servem os heróis, não é?

Ela parou, surpreendida, ao reparar no seu tom sarcástico.

– Mark! – ouviu-se uma mulher gritar. – Temos de ir, querido. Prometeste que me levavas a casa do Billy Bob.

Mark Malone olhou para a belíssima morena. Depois, voltou-se para Audrey e apertou-lhe a mão.

– Achas que voltarão a meterem-se contigo?

Ela negou com a cabeça e Mark, sorrindo, deu-lhe uma palmadinha no braço antes de se afastar.

Mas, como aquilo era um sonho, o Cowboy Solitário não se ia embora. Ficava com ela, abraçava-a e dava-lhe um beijo apaixonado…

Um barulho incomodativo interrompeu o seu belo sono e Audrey, desolada, levantou o braço para desligar o despertador.

Eram quatro da manhã. Hora de levantar para preparar o pequeno almoço.

 

 

Mark acordou com o amanhecer, com o pescoço dorido pela posição. Tinha-se deixado dormir no sofá, mais uma vez. Quando se tentou levantar, sentiu uma terrível dor na barriga das pernas e teve de ir a coxear para a casa de banho para tomar uma aspirina. Tinha os olhos tão raiados de vermelho que mais pareciam pequenos mapas de estradas.

Era compreensível que ela não tivesse reconhecido o Cowboy Solitário. Tinha-se deixado ir abaixo nas últimas semanas… E era compreensível que o John estivesse desapontado. Ele próprio se sentia triste consigo mesmo.

Depois de tomar a aspirina, entrou no seu quarto e deixou-se cair sobre a cama. A vaga recordação de uns lábios suculentos e de uns peitos generosos invadiu os seus sentidos. Não conseguia voltar a adormecer. Sentia uma enorme inquietação.

Era mesmo verdade que tinha apalpado a rapariga? Estava armado em imbecil. Decidiu que tinha de lhe pedir desculpa. Mas quando se tentou levantar, a dor na perna tornou-se insuportável.

O pedido de desculpas tinha de esperar até que a aspirina fizesse efeito, disse para si mesmo.

 

 

Audrey desceu as escadas, completamente sem forças. Ao entrar na cozinha, foi assaltada pela recordação da noite anterior. Mesmo bêbado, Mark Malone tinha-a deixado sem fôlego…

Irritada consigo mesma, abanou a cabeça e resolveu meter mãos ao trabalho. Por que razão bebia?, perguntou para si mesma, enquanto fazia café. Mark Malone nunca fora um alcoólico. Mesmo quando estivera no mundo do rodeio, tinha a fama de ser um rapaz bem comportado. Contava-se que utilizava o seu avião privado para levar as crianças órfãs às finais dos campeonatos mais importantes e que acolhia no seu rancho os cavalos que já não serviam para os espectáculos.

Que lhe teria acontecido depois do acidente?

Tinha de investigar. Começaria com perguntas aos peões durante o pequeno almoço.

– Olá – cumprimentou um homem alto, desde a porta, enquanto tirava o chapéu. – Bem-vinda ao Duplo M. Sou o John Walsh, o capataz. Falámos ontem à noite, ao telefone.

– Bom dia – sorriu Audrey, olhando para o grupo de peões que esperavam no alpendre. – Entrem, por favor. O pequeno-almoço está quase pronto.

John aclarou a garganta, avisando-os para limparem as botas no tapete.

– Vou-lhe apresentar os rapazes – disse depois, apontando para uma dúzia de homens. – Menina Audrey Tyson, este é o Jim. Tenha cuidado com ele que é capaz de lhe meter malaguetas picantes na massa do pão.

– Bom dia, menina.

Depois apresentou-lhe o Dalt, loiro, com olhos cor chocolate e covinhas nas bochechas.

– Prazer em conhecê-la – sorriu o jovem, com um forte sotaque do sul.

Além dos rapazes, havia também uma rapariga, a Ruth, com quase um metro oitenta, que parecia poder medir forças com qualquer homem.

Audrey estava a colocar os ovos mexidos com bacon, o pão e o café sobre a mesa quando entrou na cozinha um belo collie.

– Curley! – ralhou John. – Sai já daqui.

O cão, branco e preto, apoiou-se nas pernas de Audrey, como se adivinhasse quem lhe iria dar de comer.

– Não te preocupes. Eu guardo alguma coisa do pequeno almoço para ti – sorriu ela, fazendo-lhe festas na cabeça.

Quando já estavam todos sentados à mesa, Audrey decidiu dar início à sua investigação.

– Então, vocês gostam de trabalhar para o Cowboy Solitário?

Um silêncio pesado instalou-se na cozinha.

«Estão com a boca cheia. É preciso dar-lhes algum tempo.»

Passou um minuto. Dois. Ninguém pronunciou palavra.

Muito bem. Como qualquer bom repórter, iria dar a volta à situação.

– Teve uma carreira brilhante, não foi? A associação de profissionais do rodeio quer homenageá-lo.

Jim levantou o olhar.

– A menina gosta de rodeio?

– O meu pai foi campeão em 1973.

– Ah, sim? Quem era? – perguntou o Dalt.

– Já ouviste falar de Glenn Tyson?

– Não, eu só queria saber se Tyson era o teu apelido de família. Como não usas aliança… Tens namorado?

Está a tentar seduzir-me?, perguntou-se Audrey, surpreendida. Deveria estar desesperado, tendo em conta que ela nunca fora uma mulher bonita.

Como voltar a pegar no assunto Mark?, questionou-se.

– Para dizer a verdade, estava a guardar-me para o Cowboy Solitário. Não é casado, pois não?

Jim engasgou-se com o café e os outros desataram às gargalhadas.

Ruth olhou para ela como se tivesse acabado de dizer que pretendia casa com o Hannibal Lecter.

– Audrey, querida. Não percas o tempo.

– Porquê? Tem namorada?

Ruth negou com a cabeça.

– Trabalho aqui há muito tempo e nunca vi o Mark com uma namorada que durasse mais que dois ou três meses. Não confia nas mulheres.

– Mas tu és uma mulher.

– Sim, mas eu não estou interessada nele. Só pelas vacas dele – sorriu Ruth, enquanto se levantava. – E por falar em vacas, está na hora de ir cuidar delas.

O sorriso de Audrey desapareceu. «Eu também não estou interessada nele. Só na história da sua vida», pensou.

Os peões pegaram nas sanduíches que ela lhes tinha preparado para o almoço e despediram-se, olhando-a com uma expressão um pouco estranha.

Por que razão pensara que seria capaz de escrever um artigo sobre o Cowboy Solitário?, perguntou a si mesma.

Por desespero.

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Ele sempre gostara de mulheres cheinhas e aquela era uma mulher sobre a qual um homem se podia deitar sem receios de a esmagar. Subitamente, viu a imagem de si mesmo a acariciar esses peitos, colocando a cabeça entre eles…

Teve de mudar de posição. Estava tão duro como a chapa de titânio que tinha dentro da perna. Era óbvio que não estava com uma mulher há muito tempo.

– Por que olha para mim dessa maneira? – perguntou ela, sentindo-se corar.

– Sim? Não, não, por nada.

«Acalma-te, Malone. Respira fundo».

– Sobrou alguma coisa do pequeno-almoço?

– Sim – respondeu ela, afastando o cabelo do rosto. – Vou…

– Deixe, eu faço.

Sem fazer caso dele, Audrey entrou na cozinha e tirou um prato do forno.

– Guardei para si ovos mexidos com bacon. Se quiser mais pãezinhos… posso fazê-los num instante.

Mark respirou fundo. Cheirava bem. Há muito tempo que não fazia uma refeição decente, pensou, enquanto se sentava à mesa.

– Foi no acidente que magoou a perna? – perguntou ela, olhando para ele com uma expressão preocupada.

Ele escondeu-a debaixo da mesa. Não queria a compaixão de ninguém.

– Não tem nenhum quarto para limpar? – atirou-lhe, zangado.

Audrey deu um passo atrás, sentida. E depois saiu da cozinha com a cabeça erguida.

Fantástico, voltara a cometer um erro, pensou Mark.

Não lhe deveria ter falado daquela maneira, mas também não queria sentir-se culpado. Keith olhara para ele com essa mesma expressão acusadora quando Mark saiu de casa. Foi a última vez que viu o irmão…

Irritado, afastou aquela recordação da cabeça. E também não iria ficar a pensar na cozinheira, disse para si mesmo. O facto de ter um sorriso bonito não a tornava diferente de todas as outras mulheres.

Certamente, fazia essa expressão de pena para o manipular, tal como a sua mãe costumava fazer. A sua mãe, que tivera aventura atrás de aventura… ensinou-lhe como eram as mulheres. Por que haveria aquela miúda de ser diferente?

Quando olhou para o prato com o bacon, Mark teve de conter a vontade de o atirar à parede.

Precisava de uma cerveja.