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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Judy Russell Christenberry

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amantes fugitivos, n.º 1478 - Junho 2015

Título original: Honeymoon Hunt

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6602-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

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Capítulo 1

 

Julia Chance conduzia um carro de aluguer, devagar. Olhava com angústia para os dois lados da rua e a sua inquietação aumentava cada vez mais. Procurava o Hotel Luna. Tinha a certeza de ter seguido as indicações corretamente, no entanto, não era capaz de imaginar a mãe naquele bairro.

Era uma zona de Dallas, onde se aglomeravam edifícios velhos, desmantelados. As lojas pequenas, que resplandeciam por causa das luzes brilhantes no interior, competiam com os bares escuros. Os homens que percorriam os becos sem luz faziam com que pisasse o acelerador, sem sentir vontade de parar.

Uns metros mais à frente, à direita, um pequeno cartaz chamou a sua atenção. Hotel Luna. Apesar da letra que faltava, soube que tinha de ser aquele. Aproximou-se, estacionou junto do passeio, contudo, hesitou. O hotel parecia tudo menos seguro. Era impossível que a mãe...

Um homem saiu do hotel a correr e assustou-a. Era grande, musculado e usava uma t-shirt branca, a julgar pelo que conseguia ver com aquela luz tão ténue. Talvez corresse porque tinha pressa ou...

Nesse momento, a porta do passageiro abriu-se, interrompendo os seus pensamentos. E o homem que acabara de ver, fugazmente, entrou no seu carro.

– Arranque, menina – ordenou.

A surpresa fez com que arregalasse os olhos. Resistiu, quase instintivamente.

– Não vou fazer nada disso! Saia do carro ou ligo à polícia!

Ouviu um estrondo forte, imediatamente antes de o para-brisas se partir. O homem agarrou nela e obrigou-a a baixar-se.

– O que se passa? Quem está a disparar?

– Sem querer, interrompi uma transação de droga – resmungou o desconhecido.

Julia demorou um minuto a compreender o que estava a acontecer. Nessa altura, outra bala atingiu o vidro. Depois, sentiu uma dor no pé, quando o homem fez o que lhe pedira para fazer. Pisou a fundo o acelerador, sem ter em conta que o pé dela estava no pedal. Também agarrou no volante e ergueu-se apenas o suficiente para ver por cima do capô.

Julia sentiu-se uma cobarde, porém, não conseguia endireitar-se para enfrentar mais uma bala. Quem estaria a disparar? Podia ser a polícia. O homem que estava com ela seria o alvo? Aquele tipo podia ser um criminoso em fuga.

Então, raptara a mulher errada! Endireitou-se e pôs as mãos no volante.

– Tire as mãos do volante! Eu sou a condutora!

Para sua surpresa, o homem soltou-o.

– Então, conduza. Vá para a autoestrada. A saída é já ali.

– E se eu não quiser entrar na autoestrada?

– Morremos. Não tem outra escolha.

O som de um carro que os seguia fez com que Julia olhasse pelo espelho retrovisor, no entanto, não conseguiu ver os homens que estavam no seu encalço.

– Estão a seguir-nos! – exclamou o homem, voltando a pisar-lhe o pé, para que acelerasse.

– Vou ligar à polícia, se não me soltar imediatamente.

– Tem telemóvel? Eu perdi o meu. Pode ligar à polícia. Aliás, adoraria ver um dos seus carros.

– Ah, sim? – replicou Julia, surpreendida com a resposta. «Não há dúvida de que se trata de um homem indesejável», pensou.

– Sim. Mas, vá mais depressa. Eles estão a aproximar-se.

– Quem? Quem está...?

As balas que passaram por eles deixaram a pergunta no ar. Acelerou na direção da autoestrada, passando um sinal vermelho ao ver que não vinha ninguém. Nunca fizera nada tão vergonhoso na sua vida.

Entraram na autoestrada a toda a velocidade e... Um carro da polícia fez com que parassem, imediatamente.

– Meu Deus! Não sei...

– Deixe-me ser eu a falar – disse o estranho, bruscamente.

O agente bateu na janela com os nós dos dedos e esperou que Julia abrisse o vidro.

– Têm uma emergência ou não se interessa em respeitar os limites de velocidade?

– Sim, temos uma emergência – afirmou o desconhecido, com voz tranquila. A calma transparecia até na sua linguagem corporal, ao passo que Julia não conseguia parar de tremer. – Como vê, tivemos alguns problemas – declarou, enquanto apontava para os orifícios das balas.

– Onde estavam quando isto aconteceu? – perguntou o agente, ao mesmo tempo que examinava o carro.

– Procurávamos o Hotel Luna, em Westmoreland – explicou ele.

De repente, Julia olhou para ele. Ele também ia para aquele hotel? Olhou para ele de cima a baixo e observou o cabelo castanho, bem penteado, a camisa branca e as calças bem engomadas. «Não é exatamente o hóspede habitual do Hotel Luna», pensou.

– Não é um bom bairro – disse o polícia, abanando a cabeça.

– Já percebemos isso.

– Sabem quem disparou?

– Não, não sabemos – e encolheu os ombros. – Acho que estávamos apenas no lugar errado, à hora errada.

– Muito bem. Venham comigo até ao carro patrulha, para fazer o relatório. Algum dos dois ficou ferido? Precisam de uma ambulância?

Ambos olharam para Julia, que abanou a cabeça.

– Não, estamos bem. Só um pouco assustados – respondeu ele.

– Então, venham comigo.

O polícia abriu a porta a Julia e escoltou-a até ao carro patrulha. Indicou o assento traseiro, enquanto o estranho se sentava no banco da frente. Em primeiro lugar, o polícia pediu, via rádio, que enviassem alguns carros patrulha para o Hotel Luna. Depois, tirou um bloco e uma caneta do porta-luvas e perguntou ao homem como se chamava. Julia inclinou-se para a frente, porque também estava interessada naquela informação. Contudo, em vez de o dizer, ele tirou um cartão de visita do bolso do casaco.

– Obrigado – o polícia leu o nome. – Senhor Rampling. É a sua mulher?

– Não.

Julia deu o seu nome e a sua morada, de Houston.

– Portanto, nenhum dos dois é daqui. Onde estão hospedados?

Julia deu imediatamente o nome do seu hotel. Franziu o sobrolho, quando o senhor Rampling se limitou a assentir. Estaria hospedado no mesmo hotel? Pareciam ser demasiadas coincidências.

Antes que pudesse protestar, o polícia perguntou por que motivo estavam perto do Hotel Luna. Julia voltou a esperar que o homem respondesse, enquanto se interrogava se as suas suspeitas estariam certas.

– Estávamos à procura dos nossos pais. Disseram-nos que estariam naquele hotel, mas foi uma perda de tempo – declarou, com uma expressão de tristeza no rosto.

Como é que ele sabia que estava à procura da mãe? E que a mãe estava com um homem que, aparentemente, era o pai do senhor Rampling? Como sabia todos os detalhes que lhe faltavam? Desconhecia a identidade do parceiro da mãe, apenas sabia o nome. E, porque estaria aquele homem à procura do pai? Pensou que, pelo menos, não era um sequestrador.

– Muito bem. É tudo – disse o polícia, depois de escrever mais algumas notas. – Se nos telefonarem antes de saírem da cidade, poderemos dizer-lhes se descobrirmos alguma coisa.

– Obrigado pela ajuda – disse o senhor Rampling, enquanto estendia a mão ao agente.

– De nada – e virou-se para Julia. – Não se esqueça de respeitar os limites de velocidade, menina. Pode provocar um acidente.

– Obrigada – replicou, porque achou que também devia mostrar o seu agradecimento.

– De nada – pôs o chapéu e acompanhou-a ao carro.

Quando se sentou ao volante, Julia fechou os olhos e deixou escapar um suspiro profundo.

– Sente-se bem?

– Sim, mas não graças a si – disse, fulminando-o com o olhar.

– Teria preferido ficar lá e ser atingida por uma bala? – perguntou, irritado com a resposta.

– Não, mas...

– Mas nada! Fiz o que tinha de fazer. Agora, vamos embora.

– Para onde?

– Para o seu hotel.

– Para o meu hotel? – olhou para ele, confusa e assustada com a proposta. Segundo parecia, o jovem Rampling mentira à polícia. Não estava hospedado no hotel, no entanto, devia estar à espera que ela mostrasse alguma hospitalidade. – Não pode estar a falar a sério. Entra no meu carro, faz com que disparem contra mim, que seja interpelada pela polícia... E espera que o leve para o meu hotel? Por favor!

– Menina, a única coisa de que preciso é usar um telefone e ter um sítio seguro onde possa esperar, até conseguir obter ajuda. Não me parece que seja pedir muito.

– Pois eu acho que é. Teria de ser muito estúpida, para fazer o que diz. Provavelmente, tentaria levar-me para a cama – acrescentou, ao ver que ele não saía do carro.

– Não tem de se preocupar com isso. Não faz o meu tipo.

– Que alívio! E, diz isso para eu me sentir segura? Saia!

– Leve-me a um telefone, antes de me expulsar. É o mínimo que pode fazer, depois de eu a ter salvado.

Tinha uma certa razão. Não gostava, no entanto, não podia discordar. Claro que ele era o motivo pelo qual tinham disparado, contudo, obrigara-a a agachar-se e tirara-a de lá. E, o mais importante de tudo, tinha a informação de que precisava.

– O seu pai disse-lhe que iria ficar hospedado no Hotel Luna? – perguntou, num tom despreocupado, enquanto conduzia pela autoestrada.

– Sim.

– E supôs que eu estava lá por causa disso?

– Claro que sim. A sua mãe está com o meu pai. Ambos sabemos isso, portanto, deixe de fingir.

– Não estou a fingir. Estou aqui para encontrar a minha mãe.

– Era o que eu imaginava. Por que outra razão estaria naquele bairro?

Fez-se silêncio.

– Como foi até lá? – perguntou Julia, finalmente.

– De táxi. O taxista prometeu que esperava por mim, mas deve-se ter ido embora assim que eu entrei no hotel.

– Foi muito ingénuo, não lhe parece? – perguntou, com ares de superioridade.

– Não diria isso, se soubesse o que eu lhe paguei – respondeu, com voz grave.

– De onde é?

– De Kansas City – e fez uma pausa. – A sua mãe costuma ficar hospedada em antros como aquele?

– Claro que não! – replicou, virando a cabeça bruscamente, com o sobrolho franzido.

– Mas, não pode ter sido ideia do meu pai. Como soube da existência do hotel?

– A minha mãe escreveu-me e disse que estava em Dallas, no Hotel Luna.

– O meu pai escreveu-me, a dizer o mesmo.

– Portanto, pode ser o seu pai que está habituado a ficar em hotéis como aquele.

– Nem pensar.

Julia lançou-lhe um olhar feroz e quase saiu da estrada.

– Preste atenção enquanto conduz!

– Desculpe – murmurou. – Como tem tanta certeza de que não foi ideia do seu pai?

– Não interessa.

– Preocupa-se que ele tenha conhecido a minha mãe?

– Não. Preocupa-me que estejam a viver uma aventura.

– Como se atreve? A minha mãe nunca faria uma coisa dessas.

– Então, porque veio procurá-la?

Julia não queria responder a essa pergunta. Em vez de o fazer, saiu da autoestrada, na próxima saída. Assim que viu uma bomba de gasolina, com uma cabine telefónica, parou.

– Pode sair. Está ali uma cabine telefónica. Faça as suas chamadas e afaste-se da minha mãe. E de mim.

– Será um prazer, desde que a sua mãe se mantenha afastada do meu pai.

Disse a si mesma que se sentia aliviada, quando aquele homem abriu a porta e saiu do carro. Não hesitou em deixá-lo ali, no entanto, observou-o pelo espelho retrovisor, até chegar à autoestrada.

 

 

Nick Rampling olhou para ela, enquanto se afastava. Não parecia ser filha de uma impostora, mas as mulheres mentiam, sobretudo, a homens com dinheiro. Tentara proteger o pai, mas não fora fácil. O que poderia fazer? Acalmou-se e dirigiu-se para a cabine. Marcou um número e esperou que atendessem.

– Sim? – perguntou uma voz aturdida.

– Mike, sou eu, Nick. Preciso da tua ajuda.

– Claro, Nick. O que queres que eu faça?

– Tens onde apontar?

– Um momento.

Conseguia ouvir a voz irritada de uma mulher; sem dúvida Patti, esposa do vice-presidente da empresa de Nick. Mike garantiu-lhe que não se passava nada, que era apenas Nick, ao telefone.

Por vezes, Nick intrometia-se na vida privada dos empregados, no entanto, pagava muito bem pelo incómodo.

– Podes dizer, Nick. Já estou pronto.

– O meu pai não estava onde disse que estaria. Acho que tentou, obviamente, adiar o momento do encontro. Vê se ele usou os cartões de crédito e onde. Pede a Browning que trate disso. Quero um relatório completo, amanhã de manhã. Estarei em... – espreitou pela cabine. – Estarei no motel 6, na autoestrada central de Dallas.

– Motel 6? – perguntou Mike, espantado.

– É o mais próximo e não tenho dinheiro para ir de táxi – fora tão depressa atrás do pai, que nem tivera tempo de levantar dinheiro. Nem sequer pensara nisso. – Manda-me dinheiro. Duvido que haja uma caixa multibanco no vestíbulo.

– Vou tratar de tudo – garantiu Mike.

Nick pensou que o seu braço direito iria achar engraçado que o chefe dormisse num motel barato, quando era dono de muitos hotéis, famosos pela sua elegância. No entanto, iria suportá-lo, por uma noite. Já passara por situações piores.

O caminho para o hotel foi curto, porém, deu-lhe tempo para pensar na jovem que acabara de o deixar ali. Tinha mais coragem do que imaginara. Ao princípio, supôs que estava perdida, até ela dizer o nome à polícia. Durante a terrível experiência por que tinham passado, só se perturbara quando ele criticou a mãe. Depois, livrara-se dele como se fosse um saco do lixo. Ao contrário da mãe, não devia saber quanto dinheiro o pai e ele tinham, ou talvez estivesse a fazer-se de inocente. Já tivera más experiências, com mulheres que pareciam ser uma coisa e eram outra.

Entrou no motel e pediu um quarto para essa noite.

– Muito bem, senhor. Como pretende pagar? – perguntou o rececionista.

– Isto serve? – perguntou, mostrando o American Express.

– Certamente – e relaxou. – Tem algum documento de identificação?

Nick mostrou-lhe a carta de condução. O empregado examinou-a e comprovou que a fotografia correspondia a Nick.

– Hoje em dia, todo o cuidado é pouco – desculpou-se.

– Sim – afirmou Nick. Era pura verdade.

 

 

Julia passou a noite inteira a dar voltas na cama até que, finalmente, amanheceu. Continuava sem ter ideia de onde a mãe poderia estar. Esperava que estivesse a salvo... E feliz. Há dois dias, Lois Chance escrevera-lhe uma breve carta, em que dizia que não iria para Houston, como tinham planeado, porque conhecera Abe, que a convencera a ficar em Dallas. Não escrevera o apelido, nem dera nenhuma outra indicação de quem era Abe.

A mãe viajara para Nova Iorque com Evelyn, a sua melhor amiga. Concordara que a mãe fizesse aquela viagem, porque achava que estava há demasiado tempo de luto, pelo marido, que morrera há dois anos. No entanto, uma coisa era viajar com uma amiga e outra, muito diferente, era ficar uns dias noutra cidade, com um desconhecido. Afinal, a mãe era uma ingénua... Uma ingénua que poderia viver o resto dos seus dias com o dinheiro do seguro do marido.

Depois de ler a carta, Julia pensou que talvez a mãe tivesse informado Abe da sua situação financeira. Apesar de não querer acreditar que ele a tivesse enganado, receava que isso pudesse acontecer. Sobretudo, depois de ver o Hotel Luna. O que iria fazer?

Tentou pensar nas opções que tinha. Podia telefonar a Evelyn, para lhe perguntar se sabia alguma coisa da mãe. Mas, não acreditava que... Umas pancadas fortes na porta interromperam os seus pensamentos.

Quem seria? Levantou-se da cama com rapidez, vestiu o robe, dirigiu-se em bicos de pés para a porta e olhou pelo óculo. Afastou-se rapidamente.

– Menina Chance? Está aí?

Aquela voz perturbara-a durante uma boa parte da noite. Era o filho de Abe, que acusara a mãe de estar «a ter uma aventura» com o pai. Ficou imóvel durante alguns segundos, enquanto avaliava as alternativas que tinha. Depois, abriu o trinco.

– Sim, estou aqui, senhor Rampling – respondeu, enquanto abria a porta.

– Desculpe, se a acordei – disse, observando-a dos pés à cabeça. – Pensei que andasse por aí, à procura da sua mãe.

– Não sei onde devo procurar. E você?

– Ainda não. Mas, em breve, saberei. Tenho de lhe fazer algumas perguntas, antes de me ir embora.

– Para onde?

– Sou eu que procuro obter respostas, menina Chance – afirmou, enquanto elevava as sobrancelhas, fazendo com que Julia se fixasse nos olhos azuis.

– Não, senhor Rampling. Ambos estamos à procura de respostas. Você acha que tem todas as cartas na mão. Mas, não sou assim tão ingénua. Responderei às suas perguntas, se me contar aquilo que sabe.

– Mas, eu tenho as cartas todas na mão, menina. Posso encontrá-los, sem a sua ajuda.

– Se fosse verdade, senhor Rampling, não estaria aqui – declarou, cruzando os braços.

– Menina Chance...

– Por Deus, chama-me Julia!

– Muito bem, Julia. Posso ficar sem a tua informação. Mas o processo seria mais célere, se respondesses a algumas perguntas. Em troca, prometo trazer a tua mãe de volta, o mais rápido possível.

– Não me parece, senhor Rampling. Quero proteger a minha mãe, ter a certeza de que está bem. Portanto, dizes o que sabes ou não respondo às tuas perguntas.

– Esquece. Eu desenvencilho-me sozinho – virou-se e começou a afastar-se.

Julia começou a correr e enfrentou-o.

– Não vou permitir que te vás embora. Vou seguir-te.

– Em camisa de dormir? Que interessante! – e sorriu lascivamente.

Julia esquecera-se de que não estava vestida e que não tinha a mala feita. Demoraria meia hora, no mínimo, e sabia que aquele homem não iria esperar. Sentiu as faces a corar e apertou o robe com força.

De repente, Nick mudou de ideias e, embora Julia não percebesse, não pretendia discutir com ela.

– Vamos almoçar juntos na Mansão, em Turtle Creek – decidiu. – Veremos se conseguimos resolver este assunto.

– E, onde é a Mansão?

– É um dos hotéis mais famosos do mundo – afirmou. – Vai de táxi. O taxista saberá a morada. Dentro de uma hora. Se não apareceres, irei sozinho. Entendido?

– Sim. Lá estarei – garantiu.

Nick virou-se com brusquidão e dirigiu-se para o vestíbulo.

Ela correu para o quarto e começou a fazer a mala. Só fez uma pausa para se vestir. Não se incomodou em aplicar maquilhagem. Aquele homem já a vira de cara lavada e o importante era a mãe. Tinha de saber o que acontecera.

E o nome dele. Também queria saber o nome do seu novo companheiro de viagem.