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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2014 Maya Blake

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

O festim do amor, n.º 1600 - Abril 2015

Título original: The Ultimate Playboy

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6606-5

Editor responsável: Luis Pugni

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

Nova Iorque

Narciso Valentino contemplou a caixa que lhe tinham levado. Era grande, de couro excelente, debruada a veludo e com um fecho em forma de ferradura de ouro de vinte e quatro quilates.

Em condições normais, teria ficado contente e tentaria adivinhar o seu conteúdo.

Mas o aborrecimento de que era vítima desde que tinha feito trinta anos tinha-lhe arrebatado a capacidade de se entusiasmar.

Duas semanas antes, Lucia, antes de sair da sua vida, tinha-o acusado de se ter tornado um velho aborrecido.

Narciso sorriu com um certo alívio. Tinha celebrado a partida dela indo esquiar com os seus amigos para Aspen, onde se tinha distraído com uma entusiasta instrutora de esqui norueguesa.

Mas o fastio tinha voltado com rapidez.

Levantou-se da secretária e aproximou-se da janela do seu escritório, no décimo sétimo andar de um edifício de Wall Street. Sentiu-se satisfeito com a vista ao pensar que era dono de grande parte da cidade.

O dinheiro era sensual. Ter dinheiro era ter poder. E ele nunca se privara de sexo, nem de poder.

A possibilidade de experimentar ambos encontrava-se na caixa que havia sobre a secretária.

E, no entanto, já passara uma hora e não a abrira. Voltou para a secretária e abriu a caixa.

A máscara que havia no seu interior era maravilhosa: de prata e com o rebordo de ónix e cristais Swarovski. A ausência de defeitos indicava o cuidado e a atenção com que fora executada. E Narciso valorizava as duas coisas, já que o tinham tornado milionário aos dezoito anos e multimilionário aos vinte e cinco.

A sua imensa fortuna fizera com que o admitissem no Q Virtus, o clube masculino mais exclusivo do mundo, cuja reunião quadrimestral era o motivo do envio da máscara. Tirou-a da caixa e examinou-a. Na parte inferior havia um microchip de segurança com o seu nome e o local da reunião: Macau.

Voltou a deixá-la na caixa e contemplou o segundo objeto que havia nela: a Lista.

Zeus, o diretor anónimo do Q Virtus, entregava sempre aos membros uma lista dos homens de negócios convidados para cada reunião para que planeassem a possibilidade de fechar negócios com os mesmos.

Narciso leu-a por alto e parou no quarto nome, Giacomo Valentino, o seu querido pai. Leu o resto dos nomes para ver se havia mais algum pelo qual valesse a pena ir à reunião. Havia mais dois interessantes, mas era com Giacomo que queria lidar.

Pousou a lista e procurou no computador o ficheiro que tinha sobre o seu pai.

O relatório, que um detetive privado atualizava regularmente, indicava que o idoso recuperara um pouco do golpe que Narciso lhe desferira três meses antes. Numa questão de minutos, leu a informação sobre os últimos negócios do seu pai.

Sabia que aquilo não lhe proporcionava vantagem alguma, pois o seu pai tinha uma pasta semelhante sobre ele. De qualquer modo, encheu-o de satisfação verificar que tinha vencido três dos últimos quatro confrontos.

O seu telemóvel tocou naquele momento. Narciso leu a mensagem de Nicandro Carvalho, o mais próximo de um amigo que tinha: «Continuas imerso na tua crise prematura de meia-idade ou estás disposto a livrar-te da imagem de velho aborrecido?».

Cheio de uma energia repentina, escreveu a resposta: «O velho aborrecido foi-se embora. Estás disposto a que te dê uma sova no póquer?».

«Isso era o que tu querias! Fico à tua espera.» A resposta de Nicandro fê-lo rir-se pela primeira vez em semanas.

Desligou o computador e o seu olhar recaiu sobre a máscara. Agarrou-a, guardou-a no cofre e vestiu o casaco.

Zeus receberia a sua resposta na manhã seguinte, quando tivesse planeado como ia acabar com o seu pai de uma vez por todas.

A Internet era uma ferramenta inestimável para se encontrar um canalha.

Ruby Trevelli estava sentada no sofá e olhava para o cursor que piscava esperando que lhe desse uma ordem. O facto de ter tido de recorrer à Internet para procurar uma solução para o seu problema irritava-a e frustrava-a ao mesmo tempo.

Embora tivesse decidido nunca mais utilizar as redes sociais desde que tinha escrito o seu nome num motor de busca e aparecera uma série de informação falsa sobre ela, naquela noite não tinha outro remédio.

Apesar das centenas de páginas dedicadas à Narciso Media Corporation, os seus esforços para falar com alguém que pudesse ajudá-la tinham sido inúteis. Tinha perdido uma hora para saber que Narciso Valentino, um multimilionário de trinta anos, era o dono da NMC.

Lançou um sopro. Quem se lembrava de chamar Narciso ao filho? Era um convite a que o gozassem na escola. Por outro lado, um nome tão pouco habitual tinha-lhe facilitado a tarefa.

Procurou os lugares frequentados por Narciso em Nova Iorque e apareceram mais de dois milhões de entradas. Impressionante! Ou havia milhões de homens que se chamavam assim ou o homem que procurava era incrivelmente popular.

Respirou fundo e escreveu: «Onde está Narciso Valentino esta noite?».

Conteve a respiração enquanto esperava pelas respostas.

A primeira era uma hiperligação à página de um popular jornal sensacionalista que conhecera aos dez anos, quando lhe tinham oferecido o seu primeiro computador portátil e vira os seus pais na primeira página. Nos catorze anos decorridos desde então, tinha evitado ler aquele jornal, do mesmo modo que deixara de ver os seus pais desde que era adulta.

A segunda resposta era uma longa lista de pessoas famosas que anunciavam onde estariam naquela noite. Narciso Valentino estaria no Riga, um clube cubano-mexicano de Manhattan.

Se se despachasse, conseguiria estar lá em menos de uma hora. Odiava confrontos, mas, depois de semanas a tentar encontrar uma solução, já não aguentava mais.

Tinha vencido o concurso televisivo da NMC e poupara até ao último cêntimo para reunir metade dos cem mil dólares necessários para abrir o seu restaurante.

A ajuda que esperava de Simon Whitaker, o seu ex-sócio e ex-dono de vinte e cinco por cento do restaurante, era coisa do passado.

Fechou os punhos ao recordar a sua última discussão.

Já fora um choque descobrir que o homem que amava era casado e esperava um filho. Que Simon tentasse convencê-la a irem para a cama apesar disso tinha matado os seus sentimentos por ele.

Simon tinha gozado com ela por se sentir magoada, mas Ruby sabia muito bem as consequências da infidelidade matrimonial por ter sido testemunha dela com os seus pais.

Afastar Simon da sua vida fora uma decisão dolorosa, mas necessária.

Mas, sem a ajuda financeira dele, tinha de se encarregar de todo o financiamento do restaurante. Era por isso que procurava Narciso Valentino, para que cumprisse a promessa da sua empresa. Um acordo era um acordo.

Uma limusina parou quando Ruby dobrou a esquina da rua onde se encontrava o clube. Apressou-se em direção à entrada, tentando não pisar as poças deixadas pela chuva recente. Uma gargalhada masculina chamou-lhe a atenção.

Um porteiro musculado retirou o cordão de veludo para que saíssem dois homens altos na companhia de duas mulheres bonitas. O primeiro era muito atraente, mas Ruby reparou no segundo. Usava o cabelo preto-azeviche penteado para o lado direito e frisava-se sobre o pescoço.

Tremeram-lhe as pernas perante o poder da sua presença. Aturdida, contemplou-o: maçãs do rosto belamente esculpidas, nariz reto e uma boca que prometia um prazer decadente, ou, pelo menos, o que ela imaginava que seria isso.

– Eh, menina! Entra ou não?

A voz do porteiro distraiu-a dos seus pensamentos. Quando voltou a olhar, o homem e os acompanhantes já se afastavam.

Uma das mulheres sorria-lhe. A mão dele deslizou da cintura dela até ao rabo e apertou-lho antes de a ajudar a entrar no carro.

Inclusive depois de a limusina se perder entre o trânsito, Ruby continuou imóvel, suspeitando que tinha chegado demasiado tarde.

O porteiro pigarreou. Ela virou-se para ele.

– Pode dizer-me quem era o segundo tipo, o último que entrou na limusina? – o porteiro arqueou um sobrolho como que perguntando-lhe se falava a sério. Ruby sorriu-lhe. – Claro que não pode. É confidencial, não é?

– Exato – respondeu o homem, sorrindo por sua vez. – Vai entrar?

– Sim – respondeu ela, apesar de estar praticamente convencida de que Narciso Valentino já se fora embora.

O porteiro carimbou-lhe o pulso, olhou para ela e acrescentou outro carimbo.

– Mostre-o no balcão e oferecem-lhe o primeiro copo.

Ela sorriu, aliviada, pois, se as suas suspeitas não fossem corretas e Narciso Valentino não acabasse de se ir embora, poderia beber uma bebida cara enquanto o procurava.

Uma hora depois, teve de reconhecer que era o homem que vira ao chegar. Bebeu o resto do copo e estava à procura de um sítio onde o deixar quando umas vozes lhe chamaram a atenção.

– Tens a certeza?

– Claro que sim! Narciso estará lá.

Ruby ficou imóvel e procurou a sua procedência.

Duas mulheres maquilhadas e com vestidos de marca que equivaleriam ao seu salário de um ano estavam sentadas a beber champanhe.

– Como sabes isso? Das últimas duas vezes, não esteve – disse a loira.

– Já te disse que o ouvi a dizê-lo ao tipo que estava com ele. Desta vez, vão os dois. Se conseguisse o emprego como hospedeira, seria a minha oportunidade – respondeu a sua amiga ruiva.

– O quê? Vais vestir-te de palhaça com a esperança de que olhe para ti?

– Já se viram coisas mais estranhas…

– Eu jamais faria isso para caçar um homem.

– Nunca digas desta água não beberei. E, se Narciso Valentino cair aos meus pés, será uma oportunidade que me mudará a vida e que não vou deixar passar.

– Está bem. Qual é a página Web? E onde raio fica Macau?

– Penso que na Europa.

Ruby conteve uma gargalhada, tirou o telemóvel da mala e apontou a página Web.

Uma hora e meia depois, enviou uma candidatura de emprego online.

Provavelmente, seria inútil, já que podia falhar em qualquer prova ou entrevista que tivesse de realizar para conseguir o trabalho. Depois de ter averiguado que se tinha candidatado à vaga de hospedeira para o Q Virtus, um dos clubes masculinos mais seletos do mundo, perguntou-se se estaria louca. Mas tinha de tentar.

A alternativa era impensável: ceder às pressões de Paloma, a sua mãe, para que entrasse no negócio familiar. Na melhor das hipóteses, voltaria a converter-se num peão nas mãos dos seus pais na hora de discutir. Na pior, tentariam convencê-la a partilhar o estilo de vida deles de pessoas famosas.

A sua infância fora um inferno. E bastava-lhe passar por um quiosque de Nova Iorque para verificar que os seus pais continuavam a destruir-se mutuamente e que adoravam contá-lo ao mundo inteiro.

O programa de Ricardo e Paloma Trevelli era um programa televisivo de máxima audiência e fora-o desde que Ruby se lembrava. Durante a sua infância e adolescência, os seus passos, e os dos seus pais, eram acompanhados diariamente por duas câmaras. As equipas de televisão tinham-se tornado membros da família.

Durante algum tempo, quando se tornara a rapariga mais popular da escola, Ruby pensara que aquilo era bom, mas isso fora até começarem as aventuras amorosas do seu pai. Quando o reconhecera em público, ela tinha nove anos e os níveis de audiência tinham disparado. O facto de a sua mãe reconhecer que estava arrasada tivera uma repercussão mundial.

A reconciliação posterior e a renovação dos votos matrimoniais tinham emocionado as audiências de meio mundo. Quando o seu pai voltou a reconhecer uma infidelidade, milhões de telespetadores tiveram a oportunidade de influenciar a vida de Ruby. Abordavam-na na rua pessoas completamente desconhecidas para se compadecerem dela ou para lhe reprovarem que fosse membro da família Trevelli.

Fugir para a outra ponta do país para ir para a universidade fora um alívio, embora depressa se tivesse apercebido de que não podia fugir das suas origens, pois descobrira que só tinha talento para cozinhar.

Decidira naquele momento que não deixaria que os seus pais influenciassem a sua vida. Era por isso que precisava de falar durante dez minutos com Narciso Valentino. Sentiu uma pontada de desejo ao recordá-lo a sair do Riga, os dedos dele a deslizarem sobre as nádegas da mulher loira.

Pelo amor de Deus! O que fazia na cama a pensar na mão de um desconhecido sobre as nádegas de outra mulher?

Desligou o candeeiro. Estava quase a adormecer quando o telefone lhe indicou que acabava de lhe chegar uma mensagem. Agarrou-o, irritada.

A luminosidade do ecrã magoou-lhe os olhos, mas leu as palavras com clareza.

O seu currículo tinha causado boa impressão e convocavam-na para uma entrevista para a vaga de hospedeira.