sab1605.jpg

6330.png

Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

© 2014 Tara Pammi

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Ambição inconfessável, n.º 1605 - Abril 2015

Título original: A Deal with Demakis

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

I.S.B.N.: 978-84-687-6611-9

Editor responsável: Luis Pugni

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

– A menina Nelson está aqui, Nikos.

Nikos Demakis olhou para o relógio e sorriu. Segundo parecia, a sua pequena mentira funcionara, embora nunca tivesse duvidado de que seria assim.

– Manda-a subir – indicou e, depois, virou-se para os seus convidados.

Outro homem teria sentido, pelo menos, uma pontada de remorso por ter manipulado a situação daquele modo, mas não Nikos.

Cada vez era mais insuportável ver a irmã a seguir o seu noivo, tentando fazer com que Tyler recordasse e interpretando o papel de amante trágica até não aguentar mais. Era óbvio que subestimara o poder que Tyler tinha sobre ela. O comunicado do seu noivado chamara a atenção de Savas, o avô. Como Nikos esperava, fizera-lhe um ultimato. Outra desculpa do velho tirano para adiar a sua nomeação como diretor geral da Demakis International.

«Resolve o assunto de Venetia e a empresa será tua, Nikos. Cancela as contas do banco, tira-lhe o carro e as roupas luxuosas. Deixa-a contra a espada e a parede. Esquecerá esse rapaz assim que começar a recordar o que é passar fome.»

Nikos sentiu um nó no estômago ao recordar as palavras de Savas.

Já estava na hora de fazer com que o encantador Tyler saísse da vida da sua irmã, mas não tinha intenção de fazer Venetia passar fome para o conseguir. Nikos fizera e estava disposto a fazer qualquer coisa pela sobrevivência, exceto magoar a irmã. Contudo, o mero facto de Savas lhe ter exposto aquela opção era realmente inquietante.

A sua expressão devia ter mostrado o seu desagrado, porque Nina, a morena de pernas compridas com quem costumava sair quando estava em Nova Iorque, se afastou para o outro extremo do salão.

– A menina Nelson gostaria que se encontrasse com ela no café que há do outro lado da rua.

Nikos franziu o sobrolho quando a secretária regressou para lhe dizer aquilo.

– Não.

Já era um problema suficiente ter de lidar com uma mulher emocionalmente instável para ter de enfrentar dois nos dias que se aproximavam. Queria acabar com tudo aquilo o quanto antes para poder voltar a Atenas. Estava desejoso de ver a reação de Savas quando lhe falasse do seu triunfo. Apesar das predições negativas do avô, acabara de assinar um contrato de um bilião de dólares com Nathan Ramírez, um empresário prometedor que queria os direitos exclusivos para desenvolver uns terrenos de uma das duas ilhas que a família Demakis possuía há quase três séculos. Aquela era uma vitória que Savas não ia conseguir ignorar.

Contudo, o mês de negociações que acabara de passar significara uma grande acumulação de tensão e o seu corpo desejava libertar-se com sexo. Acabou o copo de champanhe com um gole e fez um gesto a Nina. A menina Nelson podia esperar.

Acabara de parar com Nina à frente da porta da sua suíte quando o som de uma gargalhada procedente do corredor os fez parar. Depois de pedir a Nina para voltar para o salão, Nikos foi ao corredor. A cena que encontrou fez com que a pergunta que ia fazer ao seu guarda não chegasse a surgir dos seus lábios.

À sua frente havia uma mulher ajoelhada no chão com os braços à volta da barriga, respirando agitadamente. O guarda, Kane, estava inclinado sobre ela, a observá-la com um ar preocupado.

– Kane? – perguntou Nikos, enquanto se aproximava deles, apressado pela curiosidade.

– Lamento senhor Demakis – desculpou-se Kane, enquanto tocava delicadamente nas costas magras da mulher com a sua mão enorme, um gesto estranhamente familiar para alguém que acabara de conhecer. – Lexi recusou-se a usar o elevador para subir.

Lexi Nelson.

Nikos olhou para a cabeça ainda inclinada da mulher, cuja respiração agitada fazia com que os seus ombros delicados subissem e descessem ao mesmo ritmo.

– O que fez?

– Disse que ninguém ia obrigá-la a meter-se num elevador. Foi por isso que me pediu para lhe ligar e para lhe pedir para se encontrar com ela na cafetaria da frente.

Nikos inclinou a cabeça e observou as portas do elevador. Enquanto o fazia, uma frase procedente do relatório sobre Lexi Nelson surgiu na sua mente.

Uma vez, ficara presa num elevador durante dezassete horas.

– Subiu dezanove andares a pé? – insistiu, incrédulo.

Kane assentiu e Nikos sentiu que a sua respiração também estava um pouco agitada.

– E tu subiste com ela? – acrescentou.

– Sim. Avisei-a de que ia desmaiar a meio do caminho – o guarda robusto lançou um olhar incongruentemente caloroso para a jovem. – Mas teve a coragem de me desafiar.

Estranhamente fascinado, Nikos observou a cena. Kane tocou num ombro da menina Nelson, que se ergueu e lhe deu uma cotovelada com uma energia surpreendente para alguém tão… Diminuto.

– Mas quase te ganhei, não foi? – perguntou a jovem, ainda ofegante, e Kane riu-se.

Lexi Nelson devia medir pouco mais de um metro cinquenta e a sua cabeça mal chegava ao ombro de Kane. Devido à saia curta e às botas altas que usava, grande parte daquele tamanho parecia corresponder às pernas… Umas pernas que eram uma verdadeira distração.

Os seus ombros eram magros ao ponto de serem delicados e os seios pequenos só se tornavam visíveis devido à sua respiração ainda agitada. Os seus olhos grandes, num rosto perfeitamente oval, de uma cor azul-clara deslumbrante, eram a única feição que valia a pena observar. A sua boca, demasiado grande para o seu rosto pequeno, ainda continuava curvada, a sorrir para Kane.

Tinha o cabelo loiro e curto que, em conjunto com o corpo magro e pequeno, fazia com que parecesse uma jovem adolescente e não uma mulher adulta. Exceto pela fragilidade do rosto.

A imagem de uma amazona na sua t-shirt enrugada, uma amazona de pernas compridas e seios poderosos vestida de couro preto e com uma pistola na mão, convidava a um segundo olhar e não só por causa do detalhe delicioso do desenho, mas também por causa do contraste com a mulher que a vestia.

– Acompanha a menina Nelson ao meu escritório, por favor, Kane. Aqui está a causar muita distração – Nikos viu que a jovem franzia ligeiramente o sobrolho. – Espere no meu escritório. Irei vê-la dentro de meia hora.

Lexi Nelson cerrou os dentes enquanto Nikos Demakis se virava e se afastava. Aquele homem era um mal-educado… Mas tinha um traseiro espetacular. Surpreendida com o seu próprio pensamento, observou os ombros largos e o andar arrogante enquanto se afastava.

Nem sequer chegara a vê-lo bem e, no entanto, tinha a sensação de que o irritara. Ignorando a chamada de Kane, seguiu os passos de Nikos Demakis enquanto se questionava o que fizera para o irritar.

Subira dezanove andares a pé e quase sofrera um ataque de coração, mas não podia arriscar-se a ir-se embora sem saber como estava Tyler. Planeara perseguir Nikos Demakis durante toda a semana, decidida a obter respostas, até receber uma chamada da sua secretária. Assim que dissera o seu nome na receção, virtualmente tinham-na empurrado para um elevador de que fugira a toda a pressa.

Lexi parou ao entrar num elegante salão tenuemente iluminado, cujas janelas grandes ofereciam uma vista fantástica de Manhattan. Num dos lados do salão havia um bar reluzente.

Foi como entrar noutro mundo e teve de se obrigar a fechar a sua boca surpreendida e aberta. Enquanto estava ocupada a observar o salão luxuoso, um grupo de cerca de dez homens e mulheres ficou a observá-la com diferentes níveis de surpresa refletida nos seus rostos.

Lexi esboçou um sorriso amplo enquanto agarrava com força na tira de couro da sua mala.

Ao perceber que o seguira, Nikos Demakis afastou-se da morena espetacular com quem estava prestes a sair pela porta que havia no outro extremo do salão e encaminhou-se para ela.

– Pedi-lhe para esperar no meu escritório, menina Nelson.

Lexi sentiu que o seu cérebro processava a informação com mais lentidão por estar à frente de um homem tão descaradamente atraente. Os olhos, emoldurados por umas pestanas espessas e pretas, desafiavam-na a baixar o olhar. O fato italiano, sem dúvida feito à medida, cobria com elegância a amplitude dos ombros e a cintura estreita. Lexi sentiu um nó no estômago quando observou o seu rosto fascinante.

Não havia dúvida de que Nikos Demakis era o homem mais bonito e atraente que vira na sua vida. Devia medir quase um metro e noventa e, com a sua atitude, parecia o homem com quem estivera a sonhar nos últimos meses, o seu pirata do espaço, o capitão infame que sequestrara a sua heroína, a menina Havisham, empenhado em abrir o portal do tempo.

Teve de conter o impulso de introduzir a mão na mala para tirar o lápis de carvão para desenho que tinha sempre consigo. Fizera muitos esboços daquele personagem, mas não ficara satisfeita com nenhum. Nikos Demakis era a personificação viva de Spike, o pirata do espaço.

– Está bêbada, menina Nelson?

Lexi corou intensamente ao perceber que murmurara o seu último pensamento.

– Claro que não. É só que…

– Só que o quê?

– Fez-me pensar em alguém – esclareceu Lexi, com um sorriso.

– Se já parou de sonhar acordada, podemos falar – declarou Nikos, apontando para uma porta atrás de Lexi.

– Não tem de abandonar a sua festa. Só quero saber como está Tyler.

– Não vamos falar aqui – insistiu Nikos, com firmeza. – Vamos ao meu escritório.

Lexi humedeceu os lábios com a língua e afastou-se para deixar passar Nikos. O tamanho daquele homem, em conjunto com o desprezo inexplicável e evidente do seu olhar, fez surgir os seus piores temores.

– Não há nada para falar, senhor Demakis – declarou, com toda a firmeza que pôde. – Só quero saber onde está Tyler.

Nikos não parou de avançar enquanto falava por cima do ombro.

– Não era um pedido – indicou, com frieza.

Ao perceber que estava a observar as suas costas, Lexi seguiu-o instintivamente. Alguns instantes depois, entravam no seu escritório. Uma secretária enorme de mogno presidia o centro. De um lado da secretária havia uma zona de estar e, do outro, um equipamento completo de informática.

Nikos tirou o casaco e deixou-o nas costas de uma cadeira. A sua camisa branca e imaculada fez com que parecesse ainda maior, mais largo e mais moreno. Apoiou-se contra a mesa e olhou para Lexi com severidade enquanto cruzava os braços.

– Tinha-lhe pedido para esperar.

Lexi corou e levantou o olhar. O que fazia a olhar com tal descaramento para as coxas daquele homem?

– Subi dezanove andares a pé para lhe roubar alguns minutos do seu tempo. Diga-me como está Tyler e poderei ir-me embora.

Quando Nikos se afastou da secretária, Lexi teve de fazer verdadeiros esforços para não se afastar como um passarinho assustado. Também teve de lutar novamente contra o afã repentino de alisar o cabelo e a t-shirt enquanto lhe lançava um olhar tão invasivo como depreciativo.

– Acabou de sair da cama, menina Nelson?

Lexi ficou boquiaberta. Aquele homem era um porco sem maneiras.

– A verdade é que sim. Estava a dormir depois de uma festa quando recebi a sua chamada, portanto, espero que desculpe o facto de a minha roupa não condizer com a sua decoração de um milhão de dólares. Talvez não tenha nada melhor para fazer do que brincar com a sua namorada, mas eu tenho um trabalho. Alguns de nós não têm outro remédio senão trabalhar para viver.

Aquilo pareceu divertir Nikos.

– Acha mesmo que não trabalho?

– Se o faz, de onde vem essa atitude desdenhosa, como se o seu tempo fosse mais valioso do que o meu? É óbvio que ganha mais dinheiro por minuto do que eu, mas eu pago a comida com o meu – indicou Lexi, espantada por estar tão zangada. – E, agora, quanto mais depressa responder à minha pergunta, mais depressa o deixarei em paz.

Quando Nikos deu um passo para ela, o coração de Lexi acelerou, mas conseguiu manter-se no seu terreno, recusando-se a deixá-lo ver que a proximidade a afetava.

– Veio aqui por causa do seu querido Tyler. Ninguém a obrigou. Se quiser, pode ir-se embora por onde veio.

Lexi queria fazer precisamente aquilo, mas não podia. Nikos Demakis não sabia como lhe custara ir ao seu escritório.

– Recebi uma chamada de alguém que se recusou a identificar-se e que me informou de que Tyler tinha sofrido um acidente de viação, juntamente com a sua irmã – Lexi questionou-se se Nikos estaria a reagir assim com ela porque estava muito preocupado com a irmã. Provavelmente, ter-se-ia mostrado mais humano noutras circunstâncias. – Como estão? A sua irmã também ficou ferida?

Nikos franziu o sobrolho enquanto olhava para ela.

– Está a perguntar pela mulher que lhe roubou o namorado… – virou-se para tirar uma pasta da sua secretária e olhou para o seu conteúdo. – Um namorado com quem esteve durante onze anos.

Lexi cerrou os punhos.

– Pensava que talvez houvesse algum motivo para justificar a sua atitude arrogante e resmungona, como, por exemplo, a preocupação que sente pela sua irmã, mas é evidente que é um asno por natureza… – Lexi interrompeu-se ao ver a palavra «Nelson» escrita a vermelho na capa da pasta.

Com a velocidade de um raio, aproximou-se dele e tirou-lhe a pasta das mãos, embora não encontrasse nenhuma satisfação na surpresa evidente de Nikos Demakis. Reviu rapidamente o conteúdo com um temor frio a embargá-la. Havia páginas e páginas de informação sobre ela e Tyler, incluindo algumas fotografias.

Passou um ano num centro de detenção juvenil com dezasseis anos por roubar numa casa.

Aquelas palavras, escritas sob uma das suas fotografias, pareceram saltar do papel para queimar a sua pele. Apesar da frescura no escritório, umas gotas de suor deslizaram entre as suas omoplatas. Deixou cair a pasta que segurava nas mãos.

– Esses relatórios deviam ser confidenciais – afirmou, esforçando-se para conter as ondas de vergonha. Um instante depois, avançou para Nikos Demakis e empurrou-o pelo peito, enquanto a injustiça de tudo aquilo fazia o seu mau feito surgir. – O que está a acontecer? Porque tem essa informação sobre mim? Nunca nos tínhamos visto até agora!

– Acalme-se, menina Nelson – pediu Nikos, num tom calmo, enquanto a segurava pelos pulsos.

Ver as suas pequenas mãos naquelas mãos tão enormes e morenas emocionou Lexi, que as afastou violentamente. Como é que aquele homem se atrevia a brincar com ela?

– Se essa informação se descobrir, perderei o meu trabalho – queixou-se, angustiada. – Sabe o que se sente quando mal se tem dinheiro para comer, senhor Demakis? Sabe o que é sentir que o nosso estômago vai devorar-se se não comermos alguma coisa em breve? Sabe o que significa não ter um teto sob o qual dormir? E é assim que acabarei – olhou à volta, para o tapete grosso e creme, para a vista de um milhão de dólares das janelas e para o fato de marca de Nikos, e riu-se com desprezo. – Mas é óbvio que não sabe. Certamente, nunca soube o que é ter fome.

Por um instante, o olhar de Nikos cintilou com uma intensidade quase selvagem.

– Não tenha assim tanta certeza, menina Nelson. Surpreender-se-ia se soubesse como conheço a urgência de sobreviver – declarou, enquanto se baixava para pegar na pasta. – É-me indiferente se teve de roubar numa casa ou nas casas de toda uma rua para se alimentar. A única coisa que me interessa do relatório é a sua relação com Tyler – acrescentou, enquanto dava a pasta a Lexi. – Faça o que quiser com o relatório.

Nikos sorriu quando Lexi pegou no relatório, se aproximou do triturador de papel ao lado do equipamento informático e, com veemência, introduziu o relatório no seu interior.

Contudo, Nikos já sabia que Lexi tinha vinte e três anos, que crescera num lar adotivo, que quase não tinha educação, que trabalhava como empregada de mesa num clube de Manhattan chamado Vibe, e que tivera um namorado, o encantador Tyler.

Dada a sua história pessoal com Tyler e a relação de dependência entre eles, Nikos esperava encontrar alguém dócil, manejável, sem autoestima.

Porém, embora pequena e não precisamente uma beleza, Lexi Nelson não encaixava em nenhuma daquelas categorias. A atitude tensa dos ombros, as costas retas e até a sua postura, com as pernas separadas e as mãos nas ancas, fizeram-no sorrir. O facto de não ser como esperara significava que devia alterar a sua estratégia.

Lexi virou-se com um brilho de satisfação no olhar enquanto se ouvia o barulho do triturador.

– Já está satisfeita?

– Não. É óbvio que não. Seja o que for que leu nesse relatório, devo dizer-lhe que não sou idiota. Triturei uma cópia. Certamente, a sua secretária tem o original.

Nikos elevou uma sobrancelha ao ver que Lexi pegava num pisa-papéis da sua secretária, o atirava ao ar e voltava a apanhá-lo.

– Nesse caso, porque o destruiu?

Lexi voltou a atirar o pisa-papéis ao ar sem desviar o seu olhar azul do rosto de Nikos.

– Foi um ato simbólico, porque por muito que o deseje… – Lexi apontou com um gesto de cabeça para o triturador, enquanto apanhava o pisa-papéis no ar, – não posso fazer o mesmo consigo.

Nikos aproximou-se dela com grande rapidez e tirou-lhe o pisa-papéis da mão. Lexi encolheu-se como um gatinho assustado.

– Não tenho intenção de a magoar, menina Nelson.

– Sim, claro. E eu sou uma modelo de Victoria’s Secret.

Nikos não conseguiu evitar dar uma gargalhada.

– É um pouco baixa para ser modelo… – Nikos parou o olhar nos seios pequenos, antes de acrescentar: – E tem algumas carências em determinados pontos estratégicos.

Lexi corou intensamente, mas ergueu o queixo e olhou para ele nos olhos.

– Então, porque precisou de mostrar poder? Está claro que não abriu esse relatório à minha frente para rever os dados. Queria que soubesse que tem toda essa informação sobre mim. É assim que desfruta, senhor Demakis? Informando-se dos pontos fracos das pessoas para os usar?

– Sim – confirmou Nikos, sem hesitar. Não tinha por costume ter ilusões sobre si próprio. Usava a informação sem nenhum reparo, tanto nos negócios como na vida. E estava especialmente disposto a fazer qualquer coisa pelo bem-estar da irmã. – Preciso que faça algo por mim e não posso aceitar um não como resposta – acrescentou.