cub_bian1459.jpg

5588.png

 

 

Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1999 Carole Mortimer

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Um candidato ao casamento, n.º 1459 - Janeiro 2015

Título original: To Be a Bridegroom

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2001

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6000-1

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Volta

Capítulo 1

 

 

O que raio estava a fazer ali?

Stazy olhou à sua volta, abanando a cabeça com pesar. Não conhecia ninguém, exceto o homem que tinha ao seu lado e dele só sabia que era o responsável por ela estar ali.

Tinham falado pela primeira vez no dia anterior e, no entanto, ali estava, a assistir ao copo-d’água do casamento do irmão dele. A verdade é que davam os bons-dias ou as boas-tardes quando se encontravam no elevador ou nos corredores, mas isso não contava para Stazy.

O aborrecimento e a solidão tinham muito a ver com tudo aquilo. Por alguma razão, tinha-se sentido especialmente sozinha e aborrecida no dia anterior. Sempre soubera que o homem que morava no apartamento do lado se chamava Jordan Hunter, tinha visto o nome escrito na campainha, mas não sabia mais nada além disso. Nem ele sabia nada sobre ela. No dia anterior, no entanto, tinha-se sentido vulnerável e com falta de companhia.

Nada poderia tê-la surpreendido mais naquela tarde do que descobrir que era apenas mais uma convidada do casamento do irmão de Jordan, Jonathan. O almoço tinha sido muito entediante. Jordan ficara ao seu lado em silêncio, mas, pelo menos, tivera alguém do outro lado com quem pudera falar. No entanto, o homem que se tinha identificado como o tio de Jordan não se tinha calado, monopolizando a sua atenção e deixando-lhe muito pouco tempo para comer e para olhar para os outros convidados. O almoço tinha acabado finalmente e os convidados tinham passado para a sala onde uma banda tocava e as pessoas começavam a dançar.

E esse era precisamente o problema. Jordan continuava calado e taciturno. Quando poderia sair dali? Desejou não ter respondido às tentativas de Jordan do dia anterior de estabelecer uma conversa com ela.

– Gostas do teu apartamento?

Stazy tinha compreendido que Jordan Hunter se dirigira a ela simplesmente porque estavam sozinhos no elevador. E, tendo em conta que há três meses que morava no apartamento contíguo ao dele, aquela pergunta era um pouco tardia, pensou. Regra geral, era costume os vizinhos serem amáveis.

– Sim – respondera sem rodeios, feliz por ver que as portas do elevador se abriam.

– És americana.

Tinha sido mais uma afirmação do que uma pergunta e mostrara um certo espanto. Stazy estava quase a entrar no apartamento, tirara as chaves da mala e olhava para Jordan Hunter com ar confuso. Ele não se mexera desde que tinham saído do elevador.

Era óbvio que era muito bonito. Era alto, mais alto do que ela, que media um metro e setenta e cinco, e tinha o cabelo encaracolado e despenteado, como se passasse a vida a pentear o cabelo preto com a mão.

Provavelmente, passava dos trinta. Quase de certeza que tinha mais dez anos do que ela, que só tinha vinte e um. E a sua sofisticação era compatível com a idade. Stazy nunca o tinha visto sem ser de fatos, camisa branca e gravata de seda. Tal como, certamente, ele também nunca a vira com outra roupa que não fossem calças de ganga ou leggings. Com blusas largas e o cabelo ruivo solto.

O rosto de Jordan parecia esculpido. O queixo era firme, nunca sorria e o nariz era reto e arrogante. No entanto, algumas rugas contornavam-lhe os olhos e a boca, indicando que nem sempre estava sério. Mas os olhos mereciam um comentário à parte. Tinham a cor mais estranha que alguma vez vira. Eram demasiado claros para dizer que eram castanhos, de facto eram quase dourados, e tinham as pestanas mais espessas e escuras que ela poderia imaginar.

Stazy tinha visto tudo isso assim que se mudara. Os homens eram todos trapaceiros e mentirosos. Eram uma espécie diferente, provavelmente até de outro planeta, completamente incompatíveis com as mulheres. E fora por essa mesma razão que vira os traços atraentes de Jordan Hunter e que depois os esquecera.

– Sim, sou americana – confirmara, de forma seca.

Conhecia a célebre reserva britânica, mas Jordan Hunter levara-a demasiado longe. Depois de três meses a viverem ao lado um do outro, ele nem sequer se apercebera da sua existência. Podia ter estado morta no apartamento do lado durante todo aquele tempo. Ele nunca o teria notado, pensou.

Parecera que Jordan Hunter a vira pela primeira vez naquele momento. Olhara-a de cima a baixo, como se nunca a tivesse visto, por isso, não tinha importância que usasse sempre calças de ganga. Também naquele dia usava umas calças de ganga, uma blusa azul e uns botins castanhos. O cabelo, como sempre, solto. Tinha os olhos azuis, o nariz pequeno e cheio de sardas, e os lábios grandes e sorridentes. E o queixo bem levantado, decidido, pensara ela.

– Estás ocupada amanhã à tarde?

Stazy não sabia muito bem que comentário podia esperar dele, caso se dignasse a fazer algum, claro. E é claro que a última coisa que esperava era aquela pergunta.

– Não – respondeu sem pensar.

Aquela era a razão pela qual estava ao lado dele na sala. Stazy tentara desdizer aquela resposta alguns segundos mais tarde, mas Jordan tinha optado por continuar a falar sem a ouvir, contando-lhe que tinha de ir a uma festa e que queria convidá-la a acompanhá-lo. Ia divertir-se, dissera-lhe, e ia conhecer muita gente.

O que Jordan não lhe tinha explicado era que se tratava do casamento de Jonathan, o seu irmão mais velho. E, até àquele momento, a única pessoa que tinha conhecido fora o seu tio, cujo nome não se lembrava.

A cerimónia fora naquela tarde e estava na hora de festejar. O problema não era que Stazy estivesse inadequadamente vestida para a ocasião. Tinha um vestido de noite azul que mostrava na perfeição a sua silhueta e as suas pernas morenas. Não, pensou, não era o seu aspeto o que a fazia sentir-se mal, mas o facto de, como acompanhante do irmão do noivo, atrair muitos olhares.

Jordan tinha-lhe dito que ia divertir-se, mas ser o centro das atenções não era nada divertido. E, no que dizia respeito a conhecer muitas pessoas, a aparência séria de Jordan era obstáculo suficiente para que ninguém se aproximasse. Ninguém tinha tentado falar com eles.

Stazy perguntou-se novamente porque é que a tinha convidado. Jordan era um homem atraente, um homem que podia ter escolhido qualquer acompanhante para aquela festa. Porquê ela? A resposta mais óbvia era porque simplesmente ela não conhecia ninguém e, por isso, também ninguém a conhecia. As pessoas deviam sentir curiosidade de saber quem era, mas essa curiosidade desapareceria com ela para sempre.

Mas porque é que Jordan precisaria de levar uma acompanhante? Que razões teria para…?

Jordan olhava com o sobrolho franzido para os recém-casados, que dançavam do outro lado da sala. Só de olhar para a cunhada, a sua expressão parecia obscurecer. Seria possível que estivesse apaixonado por ela? Gaye era bonita: alta, loura e encantadora. Mas, se Jordan estivesse apaixonado por ela, por outro lado era evidente que Gaye só tinha olhos para Jonathan.

Seria um triângulo amoroso?

Jordan tinha ar de querer estar a milhares de quilómetros dali. E Stazy, claro, não gostava que a usassem como cortina de fumo. Mas, se era essa a razão pela qual ela estava ali, Jordan estava a deitar tudo a perder. As pessoas olhavam para eles e, embora ela tivesse ignorado os olhares, havia um casal a dançar a pouca distância que parecia não ser capaz de conter a curiosidade. Estavam a aproximar-se, observou Stazy, virando-se impulsivamente para Jordan.

– Queres dançar? – apressou-se a perguntar.

Jordan olhou-a durante alguns segundos, como se tivesse esquecido quem era. Aquele homem estava a fazer milagres à sua autoestima… E pensar que só estava a tentar ajudá-lo…

– Dançar, Jordan – repetiu Stazy. – Há música lenta e música rápida… Neste caso, é lenta – acrescentou, com tom de brincadeira. – E nós, os humanos, criaturas estranhas, mexemo-nos ao ritmo da música. A verdade é que é muito fácil…

– Sei o que é dançar, Stazy – respondeu Jordan, irritado.

É claro que sabia, pensou Stazy, constrangida. Mas não tinha nenhuma intenção de o fazer. Bom, pelo menos tinha tentado, pensou enquanto via o casal a aproximar-se.

– Estás a divertir-te Jordan?

Foi o homem que falou. Alto, moreno e arrogante, não desviara os olhos dela enquanto falava. E tinha os olhos dourados.

Devia ser outro Hunter. Jarret, o irmão mais velho. Pelo menos, Jordan tinha-lhe falado da sua família. E a morena bonita que levava pelo braço devia ser a esposa, Abbie. Tinham dois filhos que deviam andar por ali, recordou Stazy vagamente. Uma menina chamada Charlie e um bebé chamado Conor.

– Não muito – respondeu Jordan, com o sobrolho franzido.

Jarret sorriu, desaparecendo o seu porte arrogante.

– Não, claro… Os casamentos não são as tuas festas preferidas, não é? – acrescentou Jarret, antes de se virar para Stazy. – Espero que perdoes o meu irmãozinho por não nos apresentar. Pelos vistos, deixou a educação em casa – gracejou. – Sou Jarret Hunter e esta é a minha esposa, Abbie – acrescentou, pondo uma mão na cintura da mulher.

– Stazy Walker – respondeu ela, sorrindo.

Tinha graça aquela descrição de Jordan, pensou Stazy. O irmãozinho. Jordan não tinha nada de pequeno, os dois homens eram aproximadamente da mesma altura.

– Queres dançar, Stazy Walker? – convidou-a Jarret.

– Eu ia convidá-la agora – murmurou Jordan, causando algum espanto a Stazy.

Nunca tinha tido a intenção de fazer tal coisa, pensou Stazy. Tinha até ignorado a sua sugestão alguns minutos antes. No entanto, não parecia satisfeito com a hipótese de ela dançar com o irmão. Ao ponto de estar disposto a dançar para o evitar.

– Demasiado tarde – disse Jarret. – Fica para a próxima – comentou com tom de gozo, enquanto conduzia Stazy até à pista, com uma mão nas suas costas. – Porque não danças com a minha mulher? – acrescentou, começando a dançar com Stazy.

Stazy adorava dançar e Jarret Hunter era um par excelente. Mexia-se sem esforço ao ritmo da música, embora a verdade fosse que aquele homem devia fazer tudo bem. Pelo menos, a mulher dele parecia satisfeita, pensou ao olhar para ela, que dançava com Jordan. O casal olhou-se de esguelha e sorrindo, enquanto Jordan continuava com o sobrolho franzido.

Jordan era o pior inimigo de si próprio, decidiu Stazy. Fosse qual fosse a intenção dele ao levá-la àquela festa, podia começar a esquecê-la. Ao agir daquela maneira estava a expor-se às brincadeiras do irmão. E não acreditava que ele lhe agradecesse se tentasse explicar-lhe isso. Estava muito concentrado. Demasiado concentrado para ouvir alguém e muito menos a ela.

– Jordan e tu… conhecem-se há muito tempo?

«Meu Deus!», pensou Stazy. Era de esperar que a família de Jordan se interessasse por ela. Deveria ter-se apercebido disso quando Jordan a convidara, pois, nesse caso, não teria aceitado.

– Há alguns meses – respondeu, evasiva.

Não podia dizer que Jordan só se apercebera da sua existência no dia anterior. Isso não favoreceria nenhum dos dois.

– Jordan está um pouco tenso hoje – comentou Jarret.

– Só hoje? – perguntou Stazy.

«Tenso» não era a palavra que ela teria utilizado. No entanto, como não pensava voltar a ver Jarret, nem nenhum dos presentes, incluindo o seu vizinho, talvez fosse melhor guardar para si as suas opiniões. Por muito atraente que Jordan fosse, era um dos homens mais antipáticos e arrogantes que jamais conhecera.

– Os casamentos causam-lhe sempre esse efeito – explicou Jarret, rindo-se. – Especialmente os da família – disse, com uma expressão que Stazy não compreendeu.

A não ser que ele estivesse a referir-se ao triângulo amoroso que ela tinha…

– Podem ser… traumatizantes – comentou.

– És canadiana ou americana? – perguntou Jarret com interesse ao sentir a sua recusa a responder a qualquer pergunta pessoal.

Jarret estava a experimentar outra tática, pensou Stazy, compreendendo que era astuto e inteligente. Era natural, afinal era o fundador da Hunter, uma cadeia de hotéis espalhada por todo o mundo. Ia entrar no jogo dele até que se fartasse, pensou. Os olhos azuis de Jarret brilhavam travessos.

– Sempre pensei que a minha educação inglesa tivesse feito desaparecer a minha pronúncia americana. Até ontem, claro.

– E o que aconteceu ontem? – perguntou ele, franzindo o sobrolho.

Jordan tinha-lhe dirigido a palavra pela primeira vez, pensou ela. No entanto, não podia responder isso.

– Em Inglaterra, as pessoas dizem-me que sou americana, mas, quando estou em casa, toda a gente pensa que sou inglesa – respondeu, abanando a cabeça.

– Não se pode ganhar sempre, não é? – perguntou Jarret, compreensivo. – E importas-te que te pergunte porque é que, havendo escolas tão boas nos Estados Unidos, vieste estudar para Inglaterra?

Podia perguntar, mas outra coisa era obter uma resposta. Pelo menos, uma resposta detalhada. Aquele homem apanhava tudo no ar. Tinha feito um simples comentário sobre a sua educação inglesa e ele tinha começado a fazer perguntas sobre isso. Devia pensar que assim descobriria mais coisas sobre ela.

– Às vezes, os pais tomam essas decisões – respondeu, encolhendo os ombros e olhando à volta. – Falando de pais, de todos estes casais, quem são os teus?

– Os meus pais são divorciados – disse Jarret. – Mas o meu pai e a minha madrasta devem estar por aí.

Jarret não mencionara a mãe. Era interessante. E, a julgar pela sua expressão, devia estar a perguntar-se como era possível que ela não o soubesse. Fora outro deslize de Jordan. Só naquela tarde lhe falara do irmão.

– Acontece – comentou Stazy, referindo-se ao divórcio. Segundo as estatísticas, eram frequentes e o facto de a mãe de Jordan não estar presente era prova de que a separação fora amarga. – Acho que o divórcio é melhor do que continuar a aguentar e a fazer os filhos sofrer. Acho que é pior para os filhos do que para os pais.

– Nunca tinha pensado dessa maneira.

Talvez Jarret estivesse demasiado envolvido naquela situação para se aperceber disso, pensou Stazy. Era estranho que os três irmãos ficassem do lado do pai em vez de do da mãe. Não podia deixar de se perguntar se…

Mas não, não queria saber nada sobre Jordan, nem sobre a sua família. Ir ao casamento fora um erro e, quanto antes se fosse embora, melhor.

– Estás…?

– Jarret, acho que é a minha vez – disse Jordan, aproximando-se deles.

Abbie Hunter sorriu, olhando para Stazy. Era de esperar que Jordan estivesse tão taciturno como sempre. Certamente, teria estado a pensar no que ela estaria a falar com Jarret.

– Tem cuidado para ele não te pisar, Stazy – advertiu-a Jarret na brincadeira, enquanto começava a dançar com a esposa.

– Muito engraçadinho… – murmurou Jordan, enquanto começava a dançar com Stazy.

No entanto, Jordan merecia aquele sarcasmo, pensou ela.

– Danças muito bem – comentou, seguindo os passos dele.

– Tu e Jarret estavam a dar-se muito bem, não era?

– Sim, é encantador – respondeu Stazy com naturalidade, sem se surpreender com o comentário.

– Jonathan é o encantador da família e Jarret é o arrogante – respondeu, olhando para ela.

– E tu? – perguntou Stazy.

Jordan franziu um sobrolho, confuso, mas depois sorriu. Aquele sorriso transformou o seu rosto por completo. Era muito sexy e os olhos, mais dourados do que nunca, brilhavam. Stazy sentiu um arrepio. O homem sério e severo tinha desaparecido e no seu lugar…

– Eu sou o mau – respondeu Jordan, com um brilho travesso no olhar. Pôs-lhe as mãos na cintura e mexeu-se ao ritmo da música sedutora. – Sei que não fui muito boa companhia esta noite – murmurou-lhe ao ouvido. – Vamos ver se podemos remediar isso.

Stazy preferia que ele não o tentasse. Jordan Hunter travesso era pior do que taciturno. De repente, viu um rosto familiar no meio da multidão. Perdeu-o e procurou-o, tensa, entre os pares que dançavam e viu-o de costas. Não podia ser ele. Não ali, tinha de estar enganada.

– Só estou a tentar desculpar-me pelo meu comportamento, estava um bocado preocupado – acrescentou Jordan, sentindo a sua tensão. – Não estou a sugerir violar-te no meio da pista.

Até aquilo teria sido preferível ao choque que acabava de sofrer, pensou Stazy. Pelo menos, sentia-se capaz de o enfrentar.

Não podia ficar ali. Era quase impossível que tivesse visto o homem que pensava ter reconhecido, mas, de qualquer forma, tinha de se ir embora. Nunca teria aceitado o convite de Jordan se soubesse que ia vê-lo.

– Tenho de me ir embora, Jordan – disse, largando-o e procurando a saída.

– Stazy… – disse ele, espantado.

– Foi muito bom, temos de o repetir – apressou-se a acrescentar.

Jordan franziu os lábios.

– Não tenho mais irmãos, nem mais casamentos para os quais te convidar – comentou com ironia.

Stazy mal olhou para ele. Tinha visto a saída e começava a dirigir-se para lá através da multidão.

– Stazy, o que raio estás a fazer? – perguntou Jordan, alcançando-a no átrio e obrigando-a a virar-se para ele. O bom humor do seu rosto tinha desaparecido. O olhar era intenso e severo. – Fui eu quem te trouxe aqui, por isso, vou levar-te a casa – afirmou.

Stazy podia compreender o seu dilema. Só lhe faltava que a sua acompanhante o abandonasse a meio da festa. No entanto, não podia ficar ali.

– Não podes ir-te embora – Jordan abanou a cabeça.

– A sério, tenho de me ir embora… Já.

– Vou levar-te a casa…

– Não! – recusou ela, nervosa. – Por favor, deixa-me ir embora.

– Problemas, Jordan? – perguntou sarcasticamente uma voz feminina. – Sempre pensei que tivesses mais sucesso com as mulheres.

Jordan largou o braço de Stazy para olhar, furioso, para a mulher que falara.

O seu rosto tinha-se transformado numa máscara fria, pensou Stazy, observando-o e olhando depois para a mulher, intrigada pelo efeito que causava em Jordan. Era loura e baixa, uma verdadeira beldade. O rosto, pequeno e delicado como o de uma boneca, era dominado por uns olhos castanhos enormes que não pestanejaram ao olhar para Jordan.

– O que raio estás a fazer aqui, Stella? – perguntou Jordan, com tom acusador.

Stazy quase se assustou. Se Jordan alguma vez olhasse para ela daquela maneira, morreria. Estava desesperada por se ir embora, mas aquela situação tinha-a deixado gelada. Havia uma tensão palpável entre eles. Ele olhava-a furioso, enquanto a mulher parecia completamente indiferente. De facto, até parecia agradar-lhe a cólera de Jordan.

– E onde querias que estivesse no dia do casamento de Jonathan? – perguntou ela, encolhendo os ombros.

De maneira que aquela mulher conhecia Jonathan… Aquela situação era complicada e as complicações eram uma coisa que Stazy queria evitar naquele momento da sua vida.

– A sério, Jordan, tenho de me ir embora… – interrompeu-os, tocando no ombro dele. Tinha a clara sensação de que Jordan se tinha esquecido novamente dela. – Vemo-nos depois – acrescentou, enquanto começava a andar.

– Tenta deixar um dos sapatos na escada – disse a mulher, olhando-a de cima a baixo com ar desafiante. – Segundo sei, costuma resultar.

Stazy parou por alguns segundos, suficientes para lhe devolver o olhar. Fosse quem fosse e significasse o que significasse para Jordan, não gostara daquela observação. Ela não era a Cinderela, nem Jordan era um príncipe.

– Receio que não tenha trazido os sapatos de cristal – respondeu, irónica e diplomática. – E, além disso, todos os príncipes que beijei se transformaram em sapos. Divirtam-se – acrescentou com tom frio, antes de começar a andar depressa e de cabeça erguida.