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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Jen M. Heaton

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Barreiras da paixão, n.º 832 - Agosto 2016

Título original: Tame Me

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2008

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8579-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Em tempos, quando ainda tinha vida, Mallory descrevera Gabriel Steele como um homem fascinante; irresistível. Isso, porém, fora antes de ter perdido tudo por culpa dele. Nesse momento, quando abriu a porta do seu minúsculo apartamento alugado e o viu à sua frente, as palavras que acudiram à sua mente foram «cruel» e «aldrabão».

– Olá, Mallory.

Gabriel raramente levantava a voz, mas usava sempre um tom firme que, assim como cada movimento do seu corpo, transparecia plena confiança em si próprio.

Os olhos verdes de Gabriel percorreram-na de alto a baixo. A campainha da porta apanhara-a a despir-se, e não podia ir abrir em roupa interior, pelo que tinha posto o seu robe de cetim encarnado. Não tinha tido tempo de dar o nó no cinto, tinha-o preso com a mão.

– O que é que vieste aqui fazer, Gabriel? – perguntou-lhe sem tirar a mão da maçaneta.

– Temos de conversar.

– Temos de conversar sobre o quê? – repetiu, fingindo estar muito calma.

Por que raio tivera de perder o controlo naquela manhã? E porque é que, de todos os restaurantes que havia em Denver, Gabriel tivera de ir precisamente ao Annabelle’s, onde ela trabalhava? Trabalhava; passado... porque o desplante que lhe fizera e o seu ataque de ira tinham feito com que fosse despedida.

– Deixa-me pensar... – murmurou, inclinando a cabeça, como se estivesse a fazê-lo.

Depois, ergueu-se e olhou para ele com o queixo bem alto. – Sabes uma coisa? Não temos nada para falar.

Tentou fechar a porta, mas Gabriel parou-a com o pé.

– Olha, sei que estás chateada e...

Mallory cerrou a mão com a que estava a segurar o robe.

– Não me digas – cortou-o a meio, sarcástica. – Soubeste quando risquei o teu nome do livro de reservas e me recusei a levar-te à mesa? Ou talvez quando disse ao meu chefe que deixava o emprego em vez de te pedir desculpa?

– Digamos que ficou bastante claro quando soltaste aquela lenga-lenga de insultos.

– Então não temos nada para falar. Eu já te disse tudo o que tinha a dizer no restaurante.

– Se não queres falar, pelo menos ouve-me – replicou ele, empurrando a porta para entrar.

Mallory também empurrou por dentro, mas não serviu de nada já que ele era bem mais forte que ela.

Com Gabriel dentro do seu apartamento, pareceu-lhe que este tinha encolhido de repente, tornando-a muito mais consciente da sua presença, do cheiro da sua água de colónia e do modo como o ar parecia ficar carregado de electricidade quando estavam na mesma sala.

Sentiu-se uma tola ao lembrar-se de como tinha flirtado com ele no passado. Tinham coincidido em várias festas e, de uma forma ou outra, todas as vezes tinham acabado a dançar juntos. Naquelas ocasiões deleitara-se a sussurrar-lhe propostas picantes ao ouvido, com o modo como a sua mão possessiva lhe agarrava a cintura enquanto rodopiavam pela pista, e com as faíscas que saltavam no seu interior quando a olhava nos olhos.

Aquilo tinha passado à história, lembrou-se. Gabriel e a sua maldita Steele Security tinham ido atrás do seu pai e ela perdera o seu lar, os seus amigos, todas as suas ilusões e boa parte do respeito por si própria.

Por não falar de uma fortuna tão imensa que, até então, as suas únicas preocupações eram se ia passar o fim-de-semana de compras em Paris ou esquiar nos Alpes Suíços.

Parecia que tinham passado cem anos da sua vida anterior. E que contraste com a situação em que se encontrava, preocupada com se ia ser capaz de arranjar outro emprego que, pelo menos, lhe desse para sobreviver.

Deixou escapar um suspiro em silêncio e soltou o robe para pôr para trás com as duas mãos os seus longos cabelos. Não queria que pensasse que se sentia intimidada por ele.

– Então? – inquiriu, cruzando os braços, como se estivesse a aborrecer-se. – Vais ficar aí plantado ou vais falar? Pensava que tinhas alguma coisa a dizer.

– Sim, isso pensava eu – murmurou ele baixando os olhos para o seu decote antes de voltar a olhá-la na cara; – mas enganei-me.

– Tu, enganares-te? – troçou Mallory com um sorriso. – Impossível.

– Preferia que fosses tu a falar – disse Gabriel. – Porque é que não me explicas, de uma vez por todas, a que raio estás a jogar?

– Desculpa?

– Compreendo que os últimos meses devem ter sido duros para ti, mas...

– Duros? – repetiu ela, incrédula. – Por favor... – disse com sarcasmo, baixando a voz ao perceber que tinha subido o tom sem se aperceber. – Estás a falar de terem embargado a casa da minha família, o meu carro, deterem leiloado os nossos pertences, e que os jornais tenham andado a espezinhar o nosso nome na lama? Isso não foi nada. Por outro lado, aprender os percursos dos autocarros na cidade... isso sim, foi muito duro.

– Não vás por aí – cortou-a Gabriel. – Não estou a tentar tirar importância à situação em que te encontras, e tu sabes. Não há desculpa para o que o teu pai fez, para desfalcar os investidores da Morgan Creek e depois desaparecer, mas isso não explica porque estás a trabalhar no Annabelle’s, nem...

– Porque é que estava a trabalhar no Annabelle’s – corrigiu ela entre dentes. – Graças a ti, já não trabalho lá.

– ... nem porque é que estás a viver num sítio destes – continuou ele, apontando à volta com um gesto vago.

– Pois, é ridículo, não é? – respondeu Mallory recorrendo de novo ao sarcasmo. – Quem pensaria que não ter um tostão e não ter experiência nem referências tornariam tão difícil a tarefa de encontrar um apartamento e um trabalho decentes, não é?

Gabriel cerrou os lábios. Parecia que, dessa vez, o dardo tinha acertado no alvo.

– Tanto quanto eu sei, tinhas um fundo que nem os bancos nem os tribunais podiam tocar – apontou.

Mallory cerrou os lábios. Não ia dizer-lhe a verdade sobre isso; era demasiado humilhante.

– Oh, esse fundo... – disse, encolhendo os ombros. O robe deslizou perigosamente, mas não se incomodou em voltar a subi-lo. – A triste verdade é que, entre a minha paixão pelas viagens, as festas, os vinhos caros e a lingerie de seda... não resta nada.

Gabriel ficou a olhar para ela fixamente, como se não soubesse se havia de acreditar nela ou não.

– Estás a falar a sério?

– Estou.

– E isto de estares a viver neste apartamentozeco ranhoso...? – inquiriu, apontando de novo em volta com um gesto vago.

Mallory levantou o queixo.

– É o melhor que me posso permitir.

Gabriel ficou muito calado antes de soltar um palavrão entre dentes e dar a volta para cruzar a minúscula sala em três passos e virar-se para ela.

– Mete o que precisares para hoje à noite numa mala – ordenou-lhe. – Amanhã mando alguém para vir buscar o resto das tuas coisas.

Mallory piscou os olhos.

– O quê?

– O que ouves; não vais passar nem mais um dia aqui.

Só podia estar a sonhar.

– E é suposto ir para onde?

– Para minha casa.

Não, era evidente que não era um sonho, porque por mais absurdos que pudessem chegar a ser os sonhos que o subconsciente tecia, e por mais só que se sentisse ou por mais desesperada que estivesse, jamais consideraria ir viver com ele para resolver os seus problemas. Seria como enfiar-se na jaula de um tigre.

Então, porque é que se sentia tão tentada a aceitar a sua proposta?

Simplesmente, por uma questão de hábito, respondeu-se, irritada. Durante vinte e oito anos vivera sem qualquer tipo de preocupações, e fora sempre pelo caminho mais fácil, deixando que os outros ditassem o seu destino.

No mesmo dia que a tinham despejado do que fora a propriedade da sua família durante mais de noventa anos, jurara a si mesma que não voltaria a deixar que aquilo lhe acontecesse de novo. Não ia quebrar essa jura por mais empregos que pudesse perder, nem que tivesse de continuar a viver num lugar como aquele.

– Agradeço a tua oferta, mas acho que vou decliná-la.

Gabriel ficou a olhar para ela antes de voltar a falar.

– Se não queres vir para minha casa, pelo menos deixa-me pagar-te um hotel até te encontrar um lugar melhor que este.

Mallory piscou os olhos.

– Farias isso, a sério? Pagavas-me um hotel e depois ias procurar-me outro apartamento? – inquiriu, perplexa. – Mesmo que eu te diga que não me vou esquecer, assim sem mais nem menos, que tu tiveste um papel importante em tudo o que me aconteceu?

– Sim.

– Mesmo que te diga que por mais amável que te possas mostrar, não vou para a cama contigo?

– Sim, e não me lembro de te ter pedido isso.

– Então... porquê? O que é que tu ganhas com isto tudo?

Gabriel encolheu os ombros, fazendo ranger o cabedal do seu casaco.

– Ficava mais descansado. Este não é, precisamente, um bairro calmo, não tens fecho na porta e qualquer um é capaz de forçar essas janelas. Não vou permitir que fiques aqui.

– Desculpa, mas isso não depende de ti – replicou ela. – Não penso ir a lado nenhum.

– Mallory, sê razoável – disse-lhe Gabriel no tom que se usa com uma criança obstinada.

– Não. Não quero a tua ajuda; não preciso. Sei muito bem desenvencilhar-me sozinha.

– Acreditas mesmo nisso que estás a dizer?

Não, infelizmente não, mas antes pedir esmola do que reconhecê-lo.

– Claro que sim.

Gabriel ficou a olhar para ela de novo, e Mallory perguntou-se em que estaria ele a pensar. Conhecendo-o, seria capaz de pô-la ao ombro e levá-la dali, ou... Um arrepio percorreu-a de alto a baixo. Ou talvez se aproximasse dela, com o andar de uma pantera, a empurrasse para o sofá e...

– Nesse caso, não temos mais que falar.

Mallory precisou de um momento para processar as suas palavras. «Já está?», perguntou-se, incrédula. Ia dar-se por vencido assim tão facilmente?

– Bom, bom... por uma vez parece que concordamos em alguma coisa – disse-lhe, tingindo a sua voz de novo com ironia.

Gabriel apertou-lhe a mandíbula.

– Devias andar com mais cuidado – avisou-a. – Já sabes o que acontece às menininhas que provocam os predadores.

– Não, na verdade não sei – replicou Mallory, obrigando-se a não retroceder quando começou a aproximar-se dela. – E também não quero saber.

No entanto, quando chegou ao seu lado e lhe levantou o queixo com uma mão, o coração palpitou-lhe com força.

– Mas devias – murmurou Gabriel, – porque mais cedo ou mais tarde o predador revela-se e devora as pequenas insolentes como tu.

Mallory engoliu em seco, mas pestanejou com desdém e disse-lhe:

– Que interessante. E agora... importas-te de me soltar?

– Ainda não. Há outra coisa que quero que fique clara

– Ai sim? O que é?

– Que quando vieres para a minha cama será por tua livre e espontânea vontade – murmurou, baixando o olhar até aos seus lábios antes de olhá-la de novo nos olhos. – Sei que me desejas tanto como eu a ti.

E com aquelas palavras soltou-a e afastou-se dela. Quando Mallory recuperou o fôlego, já se tinha ido embora.