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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2002 Margaret Mayo

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Amor No Mediterrâneo, n.º 728 - Julho 2014

Título original: The Mediterranean Tycoon

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2003

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5398-0

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Volta

Capítulo 1

 

Anne James tinha a expressão determinada quando bateu na porta. Falava-se muito na empresa sobre as características do novo proprietário. E, pelo que se dizia, ele era exigente.

No período de poucas semanas desde que Andreas Papadakis assumira as funções, muitos funcionários já tinham ido embora. Ninguém queria trabalhar para o Tirano, como o tinham apelidado. E agora, Anne fora promovida a sua assistente pessoal; a terceira em três semanas!

Andreas nem perguntara se ela aceitaria ou não o cargo. Apenas lhe enviara um comunicado que dizia nas entrelinhas que ou ela aceitava a nova função, ou estava demitida.

Isso enchera Anne de uma antipatia imediata pelo homem. No entanto, precisava muito do emprego, não podia dar-se ao luxo de perdê-lo.

– Entre! – ouviu o comando em voz forte.

Ela já o vira passar pelos corredores da Linam Estaleiros e também quando passara pelos escritórios, lançando olhares avaliativos a todos, sempre sério, carrancudo. E soubera que muitas de as suas colegas quase desmaiaram ao serem olhadas daquela forma.

Mas Anne vira apenas o sujeito alto e petulante que poderia, até, ser bonito, se o seu rosto não estivesse sempre com aquele ar aborrecido. Projectava uma imagem de rudeza e invencibilidade que, no entanto, não a impressionava. Sempre gostara de pessoas humanas, generosas. E Andreas Papadakis não era assim. Estava ali apenas para fazer com que aquela imensa e lucrativa companhia ficasse ainda maior e mais poderosa.

Respirou fundo antes de entrar e caminhou erecta até à enorme escrivaninha. Era a primeira vez que ali entrava, e as paredes revestidas de madeira escura, as pinturas a óleo sobre elas, bem como a mobília antiga, causaram-lhe uma impressão de sobriedade e respeito. Era estranha, porém, a sensação que tinha de que aquele homem, atrás da mesa, não teria escolhido tal decoração, caso tivesse essa oportunidade. Na realidade, Andreas já mandara instalar uma parafernália de computadores e equipamentos electrónicos na sala que, um dia, pertencera ao senhor Brown.

Andreas Papadakis estava em pé. Era a imagem viva da intimidação, e Anne endireitou ainda mais os ombros.

– Bom dia, senhor Papadakis – saudou-o com formalidade.

– Menina James... Sente-se, sim? – Indicou-lhe a cadeira do outro lado.

Anne se acomodou. Andreas permaneceu em pé. Devia ter mais de um metro e oitenta e cinco de altura e, mesmo vestido no fato elegante, era óbvio que a sua estrutura física era vigorosa. Os olhos castanhos pareciam perceber cada mínimo movimento de Anne, o que a deixava pouco à vontade. Mas não o deixaria perceber como se sentia. Encarou-o, com um sorriso forçado nos lábios e o lápis pronto para anotar qualquer coisa no bloco que trouxera consigo.

O resto do dia se seguiu numa sequência alucinante de anotações, reuniões, ordens ríspidas e inúmeros e-mails. E a opinião de Anne sobre o seu novo patrão não se alterou nem uma vírgula. Talvez, ao fim do dia, ainda o achasse mais arrogante e dominador. Nada mais. Mantinha-se, porém, satisfeita com o seu próprio desempenho, imaginando que Andreas não poderia dizer nada quanto a sua eficiência.

Já vestia o casaco para sair, quando o chefe abriu a porta de ligação entre as suas salas e disse:

– Ainda não, menina James. Temos tarefas a desempenhar.

Anne consultou o relógio de parede.

– Imaginei que o meu horário fosse das nove às cinco – observou, os olhos muito azuis fixos nos dele, desafiadores. – Já passam três minutos das cinco.

«Tenho uma vida fora daqui, senhor Papadakis, mesmo que você não tenha.»

– Eu não me importaria nem se já tivessem passado vinte minutos do seu horário. Preciso de você.

Se era assim que ele falara com as secretárias anteriores, não era de admirar que tivessem se demitido. Por que não pedia com educação, em vez de exigir daquela maneira? Mas, se pretendia manter o seu emprego, teria de calar-se e obedecer.

– Está bem – murmurou, calma, deixando o casaco sobre o espaldar. – Para que precisa de mim? Já fiz tudo o que me pediu.

Andreas lançou uma fita sobre a escrivaninha.

– Quero esse relatório pronto até as seis. E certifique-se de digitar os números com exactidão, pois são muito importantes.

Anne observou a fita assim que ele desapareceu no seu escritório, fechando a porta atrás de si. Pelo visto, tudo parecia ser de vital importância para o seu patrão. Ela prendera os cabelos loiros naquela manhã, mas agora, com tanta actividade, estavam soltos, incomodando-a. Lançou-os para trás quase com raiva.

Pegou o telefone e ligou para sua vizinha:

– Marnie, terei de trabalhar até mais tarde hoje. Poderia ficar com Ben um pouco mais?

Anne detestava ter de deixar o filho por mais tempo do que o necessário. Sentia-se culpada, mas não havia alternativa. Ben era especial para ela e queria que ele tivesse o melhor; se precisava trabalhar além do expediente para isso, assim o faria.

– É claro, querida! – Marnie concordou. – Não se preocupe. Posso dar o jantar a ele?

Marnie adorava cuidar de Ben. os seus netos já eram adolescentes e sentia falta de ter uma criança em casa. Era uma doce senhora, e Anne não sabia o que faria, não fosse por ela.

 

 

Já eram quase sete horas quando Anne conseguiu deixar a empresa. Andreas Papadakis era workaholic e parecia querer que todos fossem como ele. Muitas das coisas que pediu a Anne para fazer nesse dia poderiam ter esperado até a manhã seguinte. Mas já ouvira dizer que, muitas vezes, chegava antes das seis da manhã.

Não fazia ideia se era ou não casado. Andreas não usava aliança e mantinha sua vida particular em absoluto segredo, embora muitos rumores circulassem pela companhia. Boatos sobre namoradas belíssimas, ou sobre uma esposa que deixara na Grécia, ou uma amante na Inglaterra, ou propriedades em Nova Iorque e nas Bahamas, na Europa e na sua terra natal. Anne não imaginava como um homem poderia dar conta de tudo isso.

Quando chegou ao escritório, às dez para as nove da manhã seguinte, o seu patrão já a esperava.

– Estava imaginando quando iria aparecer – foi o bom-dia que recebeu dele.

Com a gravata solta, o primeiro botão da camisa aberto e os cabelos lisos desalinhados, como se tivesse passado os dedos muitas vezes por eles, não mostrava boa aparência. Na verdade, parecia ter passado a noite no escritório, trabalhando.

– Preciso de café preto, bem forte, e meia dúzia de pãezinhos doces. Cuide disso, sim?

Anne assentiu, murmurando:

– Posso providenciar-lhe um desjejum completo, se...

– Faça apenas o que eu disse. E traga o seu bloco de anotações. Há muito a fazer.

O humor de Andreas permaneceu o mesmo durante todo o dia, mas Anne recusou-se a ceder a sua carranca. Permaneceu gentil, agradável e prestativa, mesmo estando muito aborrecida.

Ao fim da semana, Anne começou a sentir-se complacente. Percebia que entendia o seu novo patrão e que ele estava satisfeito com o seu desempenho. Procurava ignorar o seu mau humor, e isso parecia funcionar muito bem para ambos. E foi apenas quando Andreas lhe pediu para trabalhar até tarde mais uma vez que tudo começou a piorar.

– Sinto muito, mas não posso ficar – afirmou, categórica.

A famosa expressão de desagrado tornou a aparecer no semblante de Andreas, e ele se voltou, indagando, como se tivesse ouvido um absurdo:

– Como disse?

– Não posso ficar até mais tarde hoje.

– Imagino que deva ter uma boa razão...

– Tenho, sim. É aniversário de o meu filho.

Ele pareceu atónito por segundos.

– Tem um filho?! Mas.. por que não me disseram? – Andreas quase gritou. – Não será nada útil para mim se tiver de ficar saindo toda hora em licença!

Anne ficou indignada.

– O que quer dizer com «toda hora»?! Esta é uma ocasião especial, senhor Papadakis. Ben está completando oito anos hoje, e haverá uma festinha para ele no McDonald’s. Não decepcionarei o meu filho. E a única ocasião em que não pude trabalhar foi quando ele teve apendicite. Mesmo assim, esse dia foi descontado de minhas férias!

Anne notou que ele vacilava, até que assentiu, seco:

– Muito bem. Pode conseguir algumas horas pela manhã, então?

Era a primeira vez que ele pedia, em vez de exigir. Uma pequena vitória, Anne considerou, satisfeita. O dia seguinte era sábado, e Ben tinha aula de futebol. No entanto, sob tais circunstâncias, sabia que não deveria se recusar de novo. Marnie poderia levar o menino ao treino; adorava fazê-lo.

– Está bem.

– Óptimo. – E, com um aceno breve, dispensou-a.

Anne não se cansava de considerar o quanto o inglês de Andreas era bom, sem sotaque. Poderia até ser considerado britânico, não fosse por as suas feições morenas, típicas dos gregos. Não era difícil entender por que muitas das garotas da firma sentiam-se atraídas por ele.

Mas elas não tinham experimentado os seus ataques de raiva, a sua expressão sempre dura, o seu mau humor... Tais atitudes faziam com que Anne se esquecesse bem depressa do quanto era bonito, de como os seus movimentos eram sensuais.

Mas Andreas era, sem sombra de dúvida, um homem atraente. Muito atraente, para ser franca. Mesmo vendo sempre a face de um tirano, Anne sentira em diversas ocasiões a presença física do seu patrão, a força que parecia emanar dele, o perfume suave da sua colónia.

No entanto, gostava tão pouco de Andreas quanto no primeiro dia de trabalho a o seu lado. E mal podia acreditar que ele cedera com tanta facilidade diante da sua recusa em trabalhar nessa noite.

 

 

– Esta é a melhor festa que já tive! – Ben, feliz, mordia o seu segundo lanche.

Anne sorria, deliciada. O barulho de todas aquelas crianças era quase ensurdecedor, todas falando ao mesmo tempo, rindo, brincando. Para elas, aquela reunião era muito melhor do que uma festinha em casa, com bolo, refrigerantes e sorvete.

– Muito bem, qual de vocês é Ben? – indagou uma voz vinda da entrada do sector privado da loja.

Anne voltou-se na cadeira, de imediato, reconhecendo-a. Esqueceu-se de respirar ao ver Andreas Papadakis trazendo um enorme pacote debaixo do braço e com um brilho intenso no olhar sempre duro. Parecia agora um ser humano completamente diferente do que era no dia-a-dia.

– senhor Papadakis... O que... está fazendo aqui? – Anne se ergueu, com o coração batendo apressado.

– Eu trouxe um presente para o menino que está fazendo aniversário. Quem é ele?

Todos os olhares estavam em Ben agora. O garoto ficou um tanto corado, mostrando-se embaraçado.

– Quem é você? – quis saber e, por o seu modo de falar e agir, Andreas logo percebeu que só poderia ser o filho de Anne.

Mesmo com cabelos escuros, Ben possuía os mesmos olhos azuis dela e o contorno do rosto era muito semelhante.

– Sou o patrão da sua mãe. Ela me disse que era o seu aniversário, e achei que você poderia gostar disto. – E entregou o pacote que trazia.

Anne se encontrava aturdida demais para poder falar alguma coisa. O homem que estava ali não era o mesmo para quem trabalhava. o seu patrão jamais teria se importado em comprar um presente para o filho de uma funcionária, quanto mais trazê-lo ele mesmo.

– É muito gentil... – conseguiu sussurrar, depois de alguns segundos. – Mas não precisava ter se importado.

De repente, a ideia de que Andreas viera apenas para verificar se ela dissera a verdade lhe ocorreu, mas Anne afastou tal pensamento.

– Bem, não posso ficar – Andreas comunicou, logo depois. – Tenho muito o que fazer. Boa festa. Espero por você às nove, menina James.

– Sim... E, mais uma vez, obrigada.

Ninguém notou a saída dele, todos atentos ao presente que Ben ganhara. E houve uma exclamação geral entre as crianças quando o papel foi retirado. Era um autorama completo, com inúmeros carrinhos e diversas pistas. O sonho de qualquer menino.

O primeiro impulso de Anne foi dizer ao filho que não podia aceitar algo tão caro, que devia devolver o que ganhara, mas a absoluta felicidade que viu no rosto do filho a fez repensar o assunto. Ademais, talvez aquilo fosse uma retribuição, um reconhecimento por todo seu esforço para agrada Andreas.

Ou quem sabe fosse algo para agradá-la e fazer com que não se negasse outra vez quando ele lhe pedisse para trabalhar até tarde.

Não conseguia conceber que o seu patrão tivesse um coração assim tão grande a ponto de presentear o seu filho sem conhecê-lo. Talvez Andreas Papadakis nem tivesse um coração. Todavia, fossem quais fossem as razões que tinham levado Andreas a dar o autorama ao menino, o facto era que Ben estava eufórico, o que a alegrava sobremaneira.

 

 

Na manhã seguinte, quando foi trabalhar, Anne pretendia tornar a agradecer, com efusivamente, mas o homem da noite anterior parecia não existir mais. Andreas pareceu-lhe mais mal-humorado do que nunca, e não houve conversa possível entre ambos, a não ser no que se referia ao serviço.

No entanto, quando, em dado momento, ele se aproximou da sua escrivaninha e apoiou uma das mãos nas costas da cadeira que Anne ocupava, e a outra no tampo, concentrado na tela do computador, conforme ela digitava uma carta que pedira, Anne teve certeza de que devia haver um ser humano por baixo daquela armadura de seriedade e exigência. E, por isso, passou a sentir a proximidade dele com mais intensidade.

– Deixou de digitar uma palavra.

Anne mordeu o lábio inferior, aborrecida consigo mesma pela falha tola. Mas sabia que cometeria outros erros se Andreas não se afastasse. Mais uma vez sentiu a fragrância da colónia suave dele. Continuou digitando, tensa, cometendo mais erros naquela única página do que costumava cometer num dia inteiro.

– O que está havendo, menina James? A festa de ontem a deixou nas nuvens?

Anne engoliu em seco. Andreas parecia não perceber que a sua presença era o que a deixava nervosa.

– Estou bem, senhor Papadakis. E, a propósito, obrigada por ter dado aquele autorama a Ben. Foi um presente muito caro... Ele adorou. E me fez acordar às seis da manhã para ajudá-lo a montar.

– Que bom que o garoto gostou. Traga a carta a o meu escritório quando a imprimir. Ah! E também o relatório Griff.

Andreas se afastou, por fim, indiferente ao assunto da festa e do presente. Anne ergueu as sobrancelhas, pensativa. Chegara a crer que ele tinha um coração... Tolice!

A manhã terminou e, como não houvera menção alguma sobre o tempo que Andreas queria que Anne trabalhasse, ela não sabia se deveriam terminar à uma. Mas as horas foram passando e ele parecia não ter intenção alguma em abandonar o escritório.

Em dado momento, Andreas a chamou através da porta aberta:

– Menina James, mande buscar o almoço.

Anne respirou fundo. Ele parecia querer que ficasse à tarde também... Mas Andreas logo apareceu à soleira, acrescentando:

– Depois, é melhor voltar para casa e passar mais algum tempo com o seu filho.

– Obrigada. E... se não me levar a mal por dizer... acho que trabalha demais. O senhor Brown não costumava se dedicar tanto.

– É por isso que a companhia estava indo de mal a pior.

– Como assim? A empresa ia bem.

Andreas fez que não.

tail elegante, o melhor que tiver. E sugiro que traga um vestido para coquetel, que deverá usar à noite.

– Um vestido de coquetel?!

– Isso mesmo.

Anne achou que havia algo errado naquilo tudo. Seguiu para o seu carro, imaginando que, naquela situação, o seu patrão precisaria mais de uma acompanhante do que de uma secretária. E não estava certa se queria ou não desempenhar tal função.

Mas como já tinha aceitado a tarefa...