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Editado por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Cheryl Guttridge Klam

© 2015 Harlequin Ibérica, S.A.

Uma paixão intensa, n.º 653 - Janeiro 2015

Título original: A Single Demand

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-6464-1

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Capítulo Dezasseis

Epílogo

Volta

Capítulo Um

 

 

Cassie Edwards afundou os pés na areia e deu um golo na sua piña-colada enquanto observava o empregado de mesa que servia as bebidas. Lembrava-lhe o príncipe da história de Cinderela: alto, distinto, cabelos e olhos negros. Tinha o físico de um atleta e vestia uma camisa branca de linho por fora de uns jeans velhos.

Embora não tivesse falado com ele, sentia que entre eles existia uma atracção difícil de ignorar. Não conseguia deixar de pensar no que sentiria ao estar com um homem assim. No que sentiria quando lhe tocasse, o beijasse, lhe pertencesse.

Mas que se estava a passar com ela?

Cassie olhou em volta. O restaurante ficava na praia, ao ar livre, rodeado de candeeiros brancos. Num canto havia um bar e os empregados que andavam de um lado para o outro usavam camisas havaianas. Parecia a meca do romance. Havia casais por todo o lado, de mão dada, abraçados aos beijos… Era difícil não deixar-se levar pela atmosfera.

Cassie sentiu-se um pouco sozinha. As Bahamas, decidiu, não era o melhor lugar para recuperar de um coração partido.

Mas naquele instante não estava a pensar no seu ex-namorado. Também não se podia permitir um caso. Não tinha ido ali para procurar amor.

Estava ali para conhecer Hunter Axon, um dos executivos mais impiedosos do mundo.

Era uma missão bastante estranha para uma mulher sem experiência no mundo dos negócios, uma mulher que trabalhava como tecelã numa antiga fabrica têxtil.

– Quer que lhe traga outra piña colada?

Cassie ergueu o rosto. Um calafrio percorreu-lhe a espinha ao reconhecer o empregado para quem não parara de olhar. Os seus olhos escuros fizeram com que o resto do mundo desaparecesse. Que estava a fazer ali na sua mesa? Ele não era o seu empregado.

Cassie negou com a cabeça.

– Não, não, obrigada.

O homem hesitou um instante. Depois apontou para a máquina fotográfica que Cassie tinha em cima da mesa.

– Tirou muitas fotos?

Estava a namoriscá-la!

Infelizmente, Cassie não tinha jeito para engates. Nunca tivera muitas oportunidades. A sua família e a de Oliver conheciam-se desde que eles tinham nascido, com apenas dois dias de diferença e no mesmo hospital. Enquanto crescia em Shanville, ou vivia em Nova Iorque, fora sempre a namorada de Oliver Demion. Para todos os outros, estava proibida.

Cassie sentiu-se a ficar nervosa. Como se fazia aquilo?

– Não – disse, insegura. – Quero dizer, sim.

O homem sorriu-lhe.

– Esteve na falésia?

Ela negou com a cabeça.

– Não tive tempo. Só tirei fotos da praia. Prefiro as fotos abstractas que captam a essência às fotos da realidade. Sabe a que me refiro? Ao brilho, mas não ao… hummm – interrompeu-se, hesitante. Por que estaria a falar como uma professora?

– Leva a fotografia muito a sério.

Ela riu-se.

– Não, já não. Entrei para a universidade para estudar fotografia; mas deixei o curso a meio.

A sua avó adoecera e ela fora obrigada a deixar tudo para cuidar dela. Depois começara a trabalhar na fábrica do seu namorado e ele acabara a relação precisamente antes de vender a empresa para a qual trabalhava a maior parte das pessoas da terra.

Obviamente, omitiu aqueles detalhes.

– Agora, é apenas um passatempo – acrescentou.

Ele ficou um momento em silêncio, sem afastar os olhos dela. Cassie sentiu que ele estava a analisá-la; quase se poderia dizer que a estava a despir com o olhar. Santo Deus! Que bonito era! Fez um esforço para afastar os olhos.

– Se desejar algo mais, basta dizer-me.

– Claro – disse num murmúrio. Deveria dizer algo mais? Convidá-lo a sentar-se? Mas não podia fazer algo assim, ou podia?

Afinal, recordou-se a si mesma pela enésima vez naquele dia, ela já não estava comprometida.

Mas ainda se sentia culpada. E não tinha nada a ver com o passado. Tinha a ver com o motivo pelo qual estava naquele lugar tão exótico.

Voltou a olhar para o empregado.

Como podia divertir-se quando sabia que os seus amigos iriam sentir-se mal? Como podia relaxar-se se sabia que quando regressasse a Shanville levaria más notícias?

Como se tinha metido naquele sarilho?

Até há uns meses atrás, achava que estava onde sempre quisera estar e que tinha o que sempre desejara. Estava comprometida e quase a casar-se. Tinha um trabalho que adorava numa terra que adorava. Mas a vida dera uma volta inesperada. Num abrir e fechar de olhos tudo mudara.

Se olhasse para trás, Cassie era obrigada a reconhecer que não a surpreendera muito que Oliver terminasse o namoro. Afinal, a relação deles estava péssima desde que ele tomara conta da fábrica. Ela mesma teria terminado com ele, anos atrás, se não tivesse temido que isso pudesse afectar a débil saúde de sua avó. A sua avó sempre desejara que se casasse com ele; de facto, costumava dizer que o noivado dela era a única coisa que lhe alegrava os dias.

Não era que não gostasse dele. Crescera ao lado dele, frequentaram o colégio juntos e, nos Verões, trabalhavam juntos nos teares. Mas quando Oliver passou a administrador mudou e começou a ficar obcecado por dinheiro. Cassie apercebeu-se de que ele tinha grandes sonhos, sonhos em que a fábrica não encaixava.

Os factos falaram por si e ela percebeu que ele já não queria casar-se com uma rapariga da terra que trabalhava na fábrica dos seus pais. Ele estava destinado a procurar amor e fortuna noutro lugar.

Mas por muito óbvios que fossem os seus sentimentos para com ela, nunca teria podido imaginar que ele odiasse tanto a sua terra e que não se importasse de a destruir.

E fora isso exactamente o que tinha acontecido. Oliver dirigira a fábrica tão mal que a deixara à beira da falência. Depois, mesmo quando achava que nada podia ficar pior, traíra Shanville e o seu povo, que gostava dele, e anunciara que ia vender os teares a Hunter Axon.

Hunter Axon! Um tubarão dos negócios que fizera fortuna aproveitando-se das desgraças alheias. Era famoso por ficar com negócios pequenos, por despedir os empregados e fechar as fábricas, transferindo a produção para o estrangeiro.

A notícia apanhara-os a todos de surpresa. Ela mesma ficara surpreendida. Como teria feito aquilo? Como teria convencido Hunter Axon a comprar uma pequena fábrica têxtil que não dava lucros há anos?

Precisara de um tempo para fazer as suas investigações, mas, por fim, encontrara a resposta: a patente de Bodyguard.

Bodyguard era um tecido suave e absorvente patenteado pela fábrica. Oliver descobrira que aquele tecido era excelente para fazer roupa desportiva e, em vez de usar a patente para desenvolver a fábrica, tornara-se ambicioso.

Por isso, não restara outra opção a Cassie senão ir à procura de Hunter Axon. Estava convencida de que a sorte da fábrica poderia mudar se pudesse produzir roupa desportiva.

Cassie levantara todas as suas economias e voara para as Bahamas para tentar falar com ele. Mas a sua missão não correu tão facilmente quanto imaginara. Por mais que tivesse insistido, a secretária de Hunter negara-se a marcar-lhe uma entrevista.

Agora, a um dia do seu regresso, estava obrigada a encarar a realidade: fracassara. A fabrica ia desaparecer e seus preciosos teares iriam parar a um qualquer museu.

Cassie pegou na conta. Vinte dólares. Vinte mais que não deveria ter gasto. Agora, só lhe sobravam trinta dólares, e precisava deles para pagar o táxi para o aeroporto. Não deveria ter bebido aquelas piñas coladas, mas não conseguira conter-se. Olhou o mar e tomou fôlego. Uma brisa suave abanou as palmeiras que flanqueavam a praia. Talvez, pensou, se ficasse mais uns minutos.

Agarrou o copo vazio e deixou cair um cubinho de gelo na boca. Recostou-se na cadeira e ficou a olhar para o sol alaranjado que se escondia nas águas do Atlântico.

– Posso convidá-la a beber algo? – perguntou uma voz aveludada.

Cassie quase caía da cadeira. Mas não se tratava do seu empregado preferido. Era um homem loiro, corpulento, com a cara queimada pelo sol.

– Não, obrigada – disse ela, engolindo o cubo de gelo. – Estava mesmo a ir-me embora..

– Que faz aqui sozinha uma rapariga tão bonita como tu?

– Desculpe?

– É um crime, é o que é. Mas tenho boas notícias. Já não vai estar só por muito mais tempo – ergueu o polegar para uns homens que estavam sentados ao balcão, e estes levantaram o polegar para ele, como que para incentivá-lo.

– Se me dá licença – disse ela, – tenho de ir-me embora.

– Oh, vá lá! Toma só mais um copo.

– Não, obrigada.

Ela abriu a carteira para pagar e, antes que se desse conta, o homem arrebatou-lha das mãos e tirou de dentro a sua carta de condução.

– Cassie Edwards, rua Hickamore 345, Shanville, Nova Iorque.

– Por favor, devolva-me isso.

– Estás muito longe de casa, Cassie.

– Já lhe disse que me devolva a carteira – ergueu-se e olhou em volta. A música estava alta e, embora houvesse umas quantas mesas ocupadas à sua volta, os clientes pareciam demasiado ocupados para prestar atenção.

O homem levantou a carta no ar e olhou para os seus amigos do balcão. Eles riram-se, incentivando-o.

– Se me deres um beijo… – disse-lhe ele. Antes que ela pudesse reagir, agarrou-a pela cintura – só um beijo.

– Há algum problema? – disse uma voz nas suas costas.

O homem largou-a imediatamente. Cassie voltou-se e deparou-se com os olhos pretos do seu empregado.

– Nenhum – disse o homem loiro.

O empregado semicerrou os olhos enquanto cruzava os seus musculosos braços no peito. Tinha um aspecto intimidante e um ar que inspirava autoridade.

– A menina deixou cair a carta de condução, só isso – disse o homem, deixando o documento em cima da mesa. Olhou, nervoso, para os amigos. Ainda estavam ao balcão, mas já não olhavam para eles.

Os olhos do empregado brilharam; estava visto que não gostava que lhe mentissem. Deu outro passo na direcção do homem e disse-lhe com um tom ameaçador:

– Quero que se vá embora daqui agora mesmo. Não gostaria de armar uma cena aqui… – disse, descruzando os braços com os punhos fechados, – no entanto, se for necessário…

Antes que conseguisse acabar a frase, o homem esmurrou-o. Mas o empregado foi mais rápido e, como um lutador exímio, esquivou-se ao golpe e agarrou o homem pela camisa, levantando-o do chão.

– Da próxima vez não lho peço com tanta educação.

– Está bem, está bem – disse o homem erguendo as mãos.

O empregado deixou-o cair no chão e o homem olhou para o balcão. Os seus amigos tinham desaparecido e ele afastou-se, cambaleante.

Cassie sentiu nela o olhar do empregado.

– Está bem? – perguntou-lhe com amabilidade.

– Sim – respondeu ela. Apesar de todo aquele sarilho, só conseguia pensar nos olhos do empregado. Tinha a sensação de que nunca havia visto uns olhos tão intensos.

– Pode utilizar o telefone do bar se quiser ligar a alguém.

– A alguém?

– Alguém que a apanhe. Que a leve a casa.

– Não – disse ela.

– Está bem – disse-lhe ele. – Vou chamar-lhe um táxi.

Ela lembrou-se de que não tinha dinheiro.

– Não, o meu hotel fica perto, vou andando.

Na verdade, não ficava nada perto; mas não lhe apetecera passar a sua última noite enfiada num quarto pequeno e escuro e decidira ir à praia para tirar algumas fotografias.

Então, chegaram até eles umas vozes. Era o homem que a tinha assediado e os seus amigos que estavam a incomodar um grupo de raparigas sentadas na praia.

– Vou levá-la ao hotel – disse-lhe o empregado, olhando para o grupo de homens. – Onde está alojada?

Ela hesitou um instante. Depois, lembrou-se que não o conhecia de lado nenhum e que não podia dizer-lhe onde estava hospedada. Embora há apenas alguns minutos estivesse a sonhar com ele, a verdade era que ela, Cassie Edwards, aos vinte e três anos, ainda era virgem e continuava a ser a namorada de Oliver Demion.

Isto é, a ex-namorada.

– Obrigada pela sua ajuda mas eu estou bem.

Não podia permitir que ele a acompanhasse, que visse a pensão onde estava alojada. Mas, isso sim, havia uma coisa que desejava dele.

Ele estava a olhar para ela, sem dizer uma palavra.

Cassie pegou na máquina.

– Importava-se se… – hesitou um instante.

– Se o quê?

– Se lhe tiro uma foto?

Ele olhou para ela como se fosse a primeira vez que alguém lhe pedia algo assim.

– Só demora um segundo – disse ela.

– Claro – disse ele, sem mexer-se.

Cassie olhou através da objectiva e focou a imagem. Ele olhou directamente para a máquina, com uma expressão intensa e, ao mesmo tempo, divertida.

Ela clicou o botão e afastou a máquina com um sorriso.

– Fantástico. Obrigada.

O empregado encolheu os ombros.

– De nada.

Cassie perguntou-se se ele iria ficar ali até ela se ir embora. Abriu a carteira, tirou o dinheiro e deixou-o em cima da mesa.

– Como já lhe disse antes, sou só uma amadora – começou a dizer. – Desde que consegui a minha primeira máquina…

Levantou a cara para olhar para ele e deu-se conta que estava a falar sozinha. Ele tinha-se ido embora.

Olhou em volta mas não o viu em lado nenhum.

Depois, levantou-se para se ir embora e ao voltar-se viu-o encostado a uma palmeira. De repente, ficou nervosa: não sabia se fingir não o ter visto ou antes meter conversa com ele.

Então, ele dirigiu-se a ela.

– Para que lado vai?

Havia algo no seu olhar doce que fez com que o seu coração batesse mais depressa.

– Por ali – disse, apontando para a esquerda.

– Eu também – respondeu ele. – Importa-se que a acompanhe um momento?

Cassie riu-se, nervosa.