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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1999 Kathryn Ross

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Um noivado precipitado, n.º 596 - dezembro 2019

Título original: Terms of Engagement

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1328-583-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

Emma revirou os olhos com surpresa pela sugestão que a sua amiga lhe acabava de fazer.

– Embora Jonathan e eu nos tenhamos divorciado amigavelmente, isso não quer dizer que lhe vá pedir ajuda.

– Mas vais precisar de ajuda. Eu, se fosse a ti, vendia a propriedade e voltava o mais rapidamente possível para Londres

– Mas eu não quero voltar para Londres. Claro que tenho saudades tuas e dos outros amigos, mas a paz e o sossego que este lugar me dá é precisamente o que preciso.

O sol começava a ocultar-se e reflectia-se no lago. A luz misteriosa realçava a cor avermelhada e dourada do campo em Setembro. As andorinhas ainda sobrevoavam o lago alegremente. O Inverno não tardaria a chegar e elas ir-se-iam embora. Ao contrário dela, que ia ficar.

– Então, como é que está Jonathan? – inquiriu à sua amiga, pelo telefone.

– Como sempre. Era o homenageado da festa e foi tão solicitado por todos que quase não tive tempo de falar com ele. Só me disse que estava à procura de locais para o seu próximo filme. Trata-se de um filme épico de outro século.

Emma podia imaginar a cena. Jonathan adorava ser o centro da atenção. Era um produtor de cinema famoso e costumava atrair muitos fãs à sua volta.

– Mas, enfim, depois falamos. Perguntou-me se eu estava interessada em fazer um pequeno papel no seu novo filme. E eu respondi que tinha acabado de conseguir um bom guião para actuar sob as ordens de Tom Hubert, como protagonista. Isso deixou-o furioso – continuou a sua amiga, encantada.

– Não fez por mal, Tori – replicou Emma, defendendo o seu ex-marido.

– Sabes qual é o teu problema? És demasiado boazinha. Jonathan abandonou-te e aos meus olhos é um verdadeiro sacana – replicou Tori

– A decisão de nos separarmos foi tomada em conjunto. Era a melhor coisa que podíamos fazer – insistiu Emma. – E que mais é que te disse?

Não queria falar da ruptura do seu casamento. Embora tivessem passado dois anos, o tema ainda lhe causava mal-estar.

– Só que estava à procura de localizações melancólicas para o filme. Algo como um pântano ou um lago e alguma residência senhorial com um certo encanto.

Emma abriu os olhos, surpreendida.

– Foi assim que te descrevi este lugar da última vez que falámos pelo telefone.

– Pois é. É como se o destino a tivesse colocado no teu caminho

Emma sorriu. Tori tornava-se muito dramática às vezes, mas como era uma actriz…

– Não consegui resistir à tentação. Contei-lhe que tinhas herdado do teu misterioso tio uma propriedade na Escócia.

– Não lhe disseste que deixou muitas dívidas e que a casa está praticamente a cair, pois não?

– Não, claro que não. Contei-lhe que a tua descrição coincidia com o que ele andava à procura. Que estavas a morar aí há um mês e que adoravas o sítio. Deixei-lhe bem claro que estavas muito bem. Podes ficar sossegada.

Emma não tinha muita certeza disso.

– Qual foi a sua reacção? – inquiriu, cautelosamente.

– Já sabia que não estavas em Londres… – hesitou Tori. – De facto, segundo as suas palavras, não demorarias mais do que um mês a voltar para a cidade. Segundo ele, não consegues viver longe dos centros de beleza em Knightsbridge.

Emma ficou furiosa. Como podia o seu ex-marido ser tão condescendente com ela? Isso mostrava que nunca conhecera a verdade. Mas rapidamente iria perceber que estava enganado.

– Também me disse que estava interessado em ver a tua propriedade, porque lhe parecia adequada para o seu projecto – continuou a dizer Tori.

– Que vá para o inferno. Para aqui é que não vem.

– Não sejas assim, Em. Sabes a quantidade de dinheiro que pagam por rodar um filme numa casa? Não é pouco, tenho a certeza disso.

– Sim, eu sei – replicou Emma.

– Não disseste que farias qualquer coisa para ficar com a propriedade? Não tens que pedir muito dinheiro emprestado para fazer as obras que precisas?

– Sim, claro… – concluiu a jovem, com uma voz desanimada.

– Pois esta pode ser uma boa oportunidade para o conseguires. Ele vai estar no Hilton de Londres, por mais duas noites, e eu tenho o seu número de telefone. Tudo o que tens a fazer é telefonar-lhe e dizer-lhe que estás interessada na sua oferta. Assim vai acrescentar a tua casa à lista de localizações e mandará um especialista visitar-te na semana que vem.

– Vou pensar nisso – declarou Emma.

– Bom, tenho que desligar. Telefono-te outro dia, querida.

O silêncio depois da conversa era assustador.

Antes do telefone ter tocado, estivera a desfazer uma mala cheia de roupa e sapatos. Tinha espalhado por toda a sala vários vestidos de cocktail e elegantes fatos de saia e casaco. Era a roupa que costumava vestir para o seu trabalho como executiva numa importante cadeia de televisão, que abandonara recentemente. Não os devia ter trazido.

Dirigiu um olhar pela sala. As grossas cortinas e as cadeiras tinham visto melhores dias. Mesmo assim, a sala era elegante. As paredes estavam forradas com painéis de madeira escura e uma grande lareira mostrava a grandiosidade dos dias passados. Só alguns quartos estavam em boas condições. Na ala Este, o chão estava todo estragado e vários quartos do andar de cima infiltravam água.

Só de pensar naquelas coisas entrou em pânico por ter tomado a decisão errada. Talvez não devesse ter saído de Londres tão rapidamente… Tinha abandonado um trabalho excelente. Podia não ganhar uma fortuna, mas pelo menos o seu salário permitia-lhe morar num bom apartamento. Aquela propriedade estava para além das suas posses.

Podia ser uma boa ideia recorrer a Jon. Tori tinha razão. Poderiam pagar muito dinheiro para filmarem a casa e isso poderia ajudá-la a fazer as obras de que precisava.

Se se tivesse tratado de outra pessoa teria telefonado imediatamente. Mas o facto de falar com o seu ex-marido ou de o voltar a ver não era do seu agrado. Não é que ainda sentisse alguma coisa por ele. O amor que sentira por Jon tinha morrido no dia em que ele a abandonara. Pelo contrário, receava voltar a sentir-se tão mal como se sentira nos velhos tempos. Por isso, preferia prescindir da sua ajuda.

Emma voltou a concentrar-se na sua roupa. E continuou a esvaziar um saco plástico.

A sua mão agarrou nuns sapatos de salto alto de cor prateada. Tinham sido comprados por Jon para assistir à estreia de um dos seus filmes. E condiziam com o seu vestido de noite prateado.

Procurou entre um monte de roupa que estava numa cadeira e encontrou o vestido, aproximando-o da sua esbelta figura. Impulsivamente, despiu as calças de ganga, a camisola e as suas enormes botas e vestiu o vestido.

Calçou os sapatos e dirigiu-se para o espelho que estava na parede.

O reflexo no espelho era uma figura pálida na penumbra do anoitecer. O vestido era muito bonito. Colava-se ao seu corpo, realçando os seus seios e a sua cintura estreita. O seu longo cabelo cor de fogo contrastava com o seu pequeno rosto pálido. Estava tão bonita e sofisticada como quando entrara na estreia do filme de braço dado com Jon.

Naquela noite, tinham sido um casal feliz. Mas isso tinha sido antes de tentarem ter filhos, antes de que soubessem que ela não podia conceber um filho. Quando Jon tinha sabido isso, o seu amor por ela tinha desaparecido até morrer completamente.

A sala já estava às escuras e Emma acendeu o candeeiro que tinha mais perto. Durante um segundo, a sala encheu-se de um brilho dourado, mas depois apagou-se. Franzindo a testa, ela tentou novamente acender a lâmpada do candeeiro sem o conseguir.

– Maldição! – praguejou, no silêncio.

Agora teria que procurar uma vela para poder ir ver a caixa dos fusíveis que estava na cave. Só a ideia de descer à cave, assustou-a.

Emma dirigiu-se para a escrivaninha que estava ao pé da janela e abriu todas as gavetas até que encontrou fósforos.

De repente, um forte barulho soou pela casa e ela sobressaltou-se.

Demorou uns segundos a perceber que era alguém a bater à porta.

Quem é que podia ser? Estava no meio do campo e não tinha ouvido chegar nenhum carro.

Olhou pela janela para ver quem era.

Era impossível descobri-lo. Daquele ângulo, não conseguia ver ninguém e a neblina, vinda do lago, já tinha inundado tudo. Decidiu não abrir a porta. No entanto, a pessoa que estava lá fora batia fortemente na sua caixa de correio.

– Menina Sinclair? – pronunciou uma potente voz de homem, com uma marcada pronúncia escocesa. – Menina Sinclair, sou Frazer McClarran, o seu vizinho.

O nome soava-lhe familiar. O notário do seu tio tinha mencionado aquele nome a propósito de algo que não se lembrava o que era. Dava-lhe a impressão de ser algo relacionado com uma inimizade entre o tio Ethan e aquele homem.

– O que é que quer? – inquiriu a jovem, sem se atrever a abrir a porta.

– Uma cabra do seu rebanho entrou na minha propriedade e está a causar estragos – declarou a voz.

– E como é que sabe que é minha?

– Pelo «E» marcado no corpo do animal – declarou a voz. – Pelo que dizem na povoação, agora pertence-lhe a si.

Emma hesitou uns segundos.

– Menina Sinclair, vai abrir a porta ou quer que deixe o animal amarrado na sua entrada? Tenho mais coisas a fazer – continuou o desconhecido.

– Espere um pouco – replicou ela, tentando acender uma lamparina de azeite que estava na entrada.

Iluminava muito pouco, mas pelo menos era melhor do que nada. Emma pôs a corrente na porta e abriu-a ligeiramente.

– Como posso saber se o senhor é realmente o meu vizinho? – inquiriu ela.

– Não tem maneira de o saber, mas a sua cabra está na parte de trás do meu Land Rover – declarou o vizinho, com um tom de voz mais suave. – Oiça, não a quero assustar, vou amarrar o animal aqui mesmo e a menina recolhe-o quando eu me for embora.

Aquela inflexão de voz mais atenta persuadiu-a de que embora tivesse sido inimigo do seu tio não parecia ser um homem perigoso. Fechou a porta, tirou a corrente e abriu-a novamente.

O aspecto de Frazer McClarran era bastante revelador. Tinha mais ou menos a sua idade e um aspecto verdadeiramente sedutor para quem gostasse de morenos, que não era o caso dela, que não estava interessada em novas relações.

Vestia uma camisola sem gola de cor creme, que o favorecia, e calças de ganga pretas e justas na cintura, que faziam sobressair as suas pernas compridas.

Ficaram a olhar um para o outro uns instantes. Ela ficou com a impressão de que o homem estava tão surpreendido como ela. De repente, percebeu que continuava vestida com o vestido comprido e os sapatos de saltos altos. Como se acabasse de chegar de uma festa de gala, em vez de estar numa sala a cair de podre.

Ele dedicou-lhe um olhar de aprovação, o que fez com que Emma ficasse plenamente consciente do seu estado, que, para além da sua vestimenta provocativa, tinha o seu cabelo ruivo despenteado.

Frazer, surpreendido, fitou a lamparina de azeite que Emma segurava na mão.

– Tenho um problema com a electricidade – anunciou ela, secamente.

Não podia dizer outra coisa; nem sequer ela mesma sabia porque é que vestira aquela roupa. Deveria ter sido num momento de nostalgia. Fosse como fosse, não era da sua conta.

– A menina pagou a conta da luz? – inquiriu o homem.

– Claro.

Emma fulminou-o com o olhar e ele sorriu, dizendo-lhe:

– Então, o que é que vai fazer com o seu outro problema?

– Qual outro problema? – quis ela saber, fitando o brilho do olhar dele.

– O da sua cabra – replicou ele. – Provavelmente, já deve ter comido a parte traseira do meu Land Rover.

– Oh, sim! Faça favor de entrar. Vou vestir alguma coisa e vou já ajudá-lo.

O olhar incrédulo do homem fixou-se nos seus sapatos e ele replicou:

– Sim, claro…

Ela mordeu o lábio. O seu vizinho não achava que ela o pudesse ajudar.

O homem entrou, olhando à sua volta.

– Há anos que não entro em casa de Ethan – comentou, friamente. – Deve estar a revolver-se no túmulo.

– Porquê? – inquiriu Emma, antes de entrar na sala.

Ele encolheu os ombros.

– Vai demorar muito? Tenho que voltar ao meu trabalho.

– Não, volto já – replicou ela, pousando a lamparina num móvel. – Não é muito tarde para estar a trabalhar?

– Quando se trabalha numa quinta, não se tem horários de escritório – replicou ele.

O homem ficou a olhar como Emma vestia a camisola e trocava os saltos altos pelas suas botas.

– Estou pronta! – declarou Emma, alegremente, enquanto acabava de atar o cordão das botas.

O olhar do homem passeou pela sala, observando os vestidos de cocktail e os fatos que estavam pendurados nas cadeiras.

– Está a preparar um desfile de moda? – inquiriu, com curiosidade.

– Não, estava a desfazer as malas. Vamos?

– Faça favor – replicou ele, vendo como a Emma lhe custava a andar com a saia tão justa.

Lá fora fazia frio e a lua cheia reflectia-se nas águas calmas do lago.

– Onde é que estacionou? – inquiriu a jovem, lutando por acompanhar o passo do seu acompanhante. – Não o ouvi chegar.

– Não pude vir de carro até à sua casa porque o portão estava fechado.

Pelo caminho, Emma desejou que o homem andasse mais devagar, porque ela estava quase a correr.

O Land Rover apareceu quando dobraram uma esquina. Era um veículo velho e desengonçado que parecia pertencer à Segunda Guerra Mundial. De repente, Emma percebeu que teria que trepar pelo portão, como estava a fazer Frazer naquele momento.

Se tivesse as suas calças de ganga vestidas, não teria tido nenhum problema.

– Precisa de ajuda? – inquiriu ele, cortesmente, depois de se virar para olhar para ela.

– Não, obrigada. Só preciso que me segure a lamparina.

– Não é preciso – replicou Frazer, soprando a chama.

A verdade é que a noite era clara, porque a lua brilhava na sua plenitude.

O homem olhou para ela como se estivesse a olhar para um insecto. Ela agarrou na sua saia e deixou as suas pernas à mostra enquanto saltava o portão. Estava orgulhosa de o ter feito com tanta dignidade. Mas, de repente, torceu o pé na grade do gado e cambaleou. Felizmente, Frazer estendeu uma mão e segurou-a pela cintura e evitou que ela caísse.

Durante um instante, o corpo de Emma ficou contra o do homem. Ela conseguiu cheirar o aroma masculino a sabão que se desprendia da camisola dele.

Ruborizada, Emma levantou-se e declarou:

– Desculpe.

– Não faz mal – replicou o vizinho, bruscamente, pelo que ela pensou que o contacto físico não tivera o mesmo efeito nele que nela.

– Não sei como é que a cabra conseguiu sair – esforçou-se ela por comentar, para evitar o silêncio incómodo que se produzira. – Há grades para o gado em todos os portões.

– Há centenas de buracos em todos os arbustos, o pavimento precisa de ser reparado e as cercas estão todas estragadas – explicou Frazer. – Um elefante poderia introduzir-se na sua propriedade com toda a facilidade.

– Desculpe – pediu Emma, dando-lhe a razão. – A cabra causou muitos estragos?

Ele lançou-lhe um olhar agudo, enquanto se aproximava do Land Rover para abrir a porta traseira.

– Comeu-me uns quatro pares de calções e a roupa da cama.

Emma teve vontade de soltar uma gargalhada.

Ele ficou a olhar para ela e ela agradeceu o facto de uma nuvem ter ocultado a lua naquele momento.

– A sua esposa deve ter ficado muito zangada – comentou Emma, tentando manter-se séria.

– Não tenho esposa, mas sim uma governanta que está furiosa.

Emma aproximou-se dele e a cabra olhou para eles com os olhos brilhantes.

– Vamos, bicho – declarou Frazer, suavemente, ao animal, agarrando-o pela corda que o segurava. – Porque é que não agarra na corda enquanto eu o empurro?

Mas o animal conseguiu fugir. No entanto, Emma seguiu-o e conseguiu segurar na corda, empenhando-se em não a soltar. Passados uns segundos, não teve outro remédio senão soltá-la.

– Bom, suponho que não poderemos fazer mais nada até amanhã. Sugiro-lhe que diga a algum dos seus empregados que procure o bicho o mais rapidamente possível. Tratem de não o voltar a soltar.

– Claro, vou dizer a Brian que a vá buscar amanhã de manhã – replicou Emma.

– Brian Robinson? Ainda está a trabalhar aqui? – inquiriu Frazer, incrédulo.

– Sim, porque é que pergunta?

O homem abanou a cabeça com energia e dirigiu-se para a parte traseira do seu veículo.

– Suponho que a menina vai vender a quinta – declarou Frazer, sem responder à sua pergunta.

– Não. Vou ficar com ela e tentar fazê-la render.

– A menina sozinha? – inquiriu Frazer, surpreendido.

– Porque não?

Então, ele riu.

Ela ficou a olhar fixamente para ele. Iria fazer os mesmos comentários que Jon?

– O que é que é tão engraçado? – inquiriu ela, lentamente.

– Não se ofenda, mas não me parece o tipo de mulher que possa tomar conta de uma quinta – comentou, com voz seca. – Sabe alguma coisa de agricultura?

– Estou a aprender – replicou Emma.

– Quem é que lhe está a ensinar?

– Tenho alguns livros na biblioteca.

– Está a falar a sério? – perguntou ele, a rir.

– Tenho pessoas de confiança e com experiência que me podem ajudar – assegurou Emma, que estava a começar a ficar furiosa.

– Pessoas como Brian? – inquiriu Frazer, sarcasticamente. – Vou dar-lhe um conselho: não deixe esse homem a cargo do gado, a não ser que o vigie.

– Não preciso de nenhum conselho – replicou Emma, zangada. – Obrigada.

– Quando se cansar de brincar às quintas, contacte-me. Gostaria de lhe comprar a quinta. Não me importaria de ficar com mais terra para cultivar.

– Não está à venda.

– Ofereço-lhe um bom preço – declarou Frazer.

– Não está à venda – repetiu Emma.

– Como quiser – concluiu o vizinho, consultando o relógio. – Quer que a deixe em casa? Talvez consiga solucionar o seu problema da luz antes de me ir embora.

Emma esteve tentada a aceitar, mas isso significaria que precisava de um homem para tratar das coisas e ela não estava disposta a isso.

– Não, obrigada, arranjar-me-ei.

Frazer anuiu com a cabeça e declarou:

– Sabe, a menina faz-me lembrar muito o seu tio Ethan.

Em seguida, sentou-se ao volante do carro e pôs a furgoneta em movimento.

– Então, até mais ver – despediu-se, sem olhar para ela.

Emma ficou a olhar como o veículo desaparecia. O que é que quisera dizer com aquilo de que ela era parecida com o seu tio?

Os homens eram seres realmente desesperantes.