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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2017 Maggie Cox

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O filho secreto do xeque, n.º 1816 - março 2020

Título original: The Sheikh’s Secret Son

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1328-985-4

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

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Capítulo 1

 

 

 

 

 

A queda do muro de granito aconteceu num instante, no entanto, o tempo pareceu parar quando Darcy se apercebeu do que se passava. Perdera a concentração devido ao nervosismo causado pela ideia de se encontrar com o proprietário da mansão para lhe dizer que o último encontro apaixonado que tinham partilhado tivera um filho como resultado…

Depois, a dor intensa que sentiu no tornozelo ao tocar no chão fez com que tivesse mais com que se preocupar. Blasfemando de forma pouco feminina, esfregou o tornozelo e fez uma careta de dor. Como raios ia levantar-se? A articulação estava a inchar demasiado depressa, portanto, perdera a oportunidade de se mostrar como uma mulher serena, que fora o que tencionara fazer.

Ao fim de um instante, um homem musculado atravessou o jardim a correr e dirigiu-se para ela. Era evidente que se tratava de um guarda-costas. Recordou que devia ficar o mais tranquila possível, independentemente do que acontecesse. Então, respirou fundo para tentar controlar a dor intensa que sentia.

Quando o homem chegou ao seu lado, Darcy reparou que a sua pele azeitonada estava coberta de uma camada fina de suor. O frio de outubro fazia com que saísse bafo da sua boca ao respirar.

– Podia ter-se poupado o esforço. É evidente que não vou fugir. Torci o tornozelo.

– É uma mulher muito parva por se ter arriscado dessa forma. Garanto-lhe que o xeque não vai ficar muito contente.

Ao aperceber-se de que se referia ao homem que desejava ver, sentiu-se como se a tivessem atirado contra a parede.

– A sua Alteza é o dono deste lugar e a menina entrou na sua propriedade sem permissão. Tenho de a avisar de que ele não vai gostar da intrusão.

– Não… Suponho que não goste.

Certamente, a reação do seu amante ao vê-la não a faria sentir-se pior do que já se sentia. «Ou sim.»

– Olhe, o que se passou é inevitável e, embora tenha de explicar à sua Alteza os motivos por que estou aqui, primeiro, preciso que me ajude a levantar-me.

– Não é boa ideia. Será melhor ser vista por um médico. Se se levantar, talvez piore a lesão.

Reparou que o guarda-costas a observava com uma certa preocupação. Segundos depois, o homem tirou o telemóvel do bolso e falou numa língua que ela reconhecia de quando trabalhava no banco. Para piorar as coisas, ao reconhecer a língua, uma série de imagens do passado invadiu a sua mente. Algo muito inoportuno, tendo em conta que se metera numa confusão.

«E tudo porque pensei em escalar um muro que nunca deveria ter escalado e me magoei.»

E o que mais podia ter feito se estava desesperada por ver o seu antigo amante? Os seus piores receios tinham-se tornado realidade. Ele estava noivo e ia casar-se. E não importava quantas vezes tentava assimilá-lo, o coração de Darcy rejeitava a ideia como se fosse veneno.

Quando o guarda-costas desligou a chamada, Darcy apercebeu-se de que não ia ajudá-la a levantar-se. O homem tirou um lenço do bolso e começou a limpar a testa.

– O médico está a caminho. Também pedi que lhe tragam um pouco de água.

– Não preciso de água. Só preciso de um pouco de ajuda para me levantar.

De repente, consciente de que não lhe serviria de nada pedir ajuda àquele homem, Darcy baixou a cabeça e permitiu que o seu cabelo dourado caísse pelas suas faces. Esperava que, assim, conseguisse disfarçar o medo que a invadia por dentro. Render-se à fraqueza era algo inconcebível para ela. Da última vez que o fizera, saíra-lhe muito caro.

– Quem é o médico? Vai chamar uma ambulância para mim?

– Não precisa de uma ambulância. O médico é o mesmo que atende o xeque. É muito qualificado e tem um apartamento aqui.

– Então, suponho que não tenha muita escolha, para além de esperar que chegue. Espero que traga algum analgésico forte.

– Se precisa de tomar um analgésico também vai precisar de água. Quer que ligue a alguém para avisar de que teve um acidente?

Darcy sentiu que o coração acelerava. A mãe não aceitaria a notícia com tranquilidade. E muito menos quando era especialista em fazer um grande drama a partir de uma ninharia. A última coisa que precisava era que o seu filho se contagiasse com o nervosismo dos pais.

– Não. Não é preciso. Muito obrigada. – E sorriu.

Darcy não reparou nas duas pessoas que se aproximavam da casa com passo apressado. Olhou para outro lado, fez uma careta e esfregou o tornozelo inchado.

Seria a polícia? Disposta a prendê-la por invadir a propriedade privada?

Como se tivesse reparado no seu nervosismo, o guarda-costas ajoelhou-se à frente dela e deu-lhe uma palmadinha no braço para a consolar. Olhou para ele, surpreendida. Algo que se refletia no brilho dos seus olhos azuis. O comportamento daquele homem não correspondia com o de nenhum guarda-costas que conhecera. E naquele momento, quando se sentia sozinha e assustada, agradecia um gesto de amabilidade.

– O médico vai tratar-lhe do tornozelo. Não fique nervosa.

– Não estou nervosa. Estou zangada comigo própria por ter escalado o muro. Só queria ver a casa com a esperança de… Tinha a esperança de conseguir falar com o xeque se o visse. – Mordeu o lábio inferior. Ao ver que o homem parecia interessado nas suas palavras, continuou. – Li no jornal que se mudou para aqui. Costumava trabalhar para ele, sabe?

– Então, se queria vê-lo outra vez, devia ter ligado para o escritório para marcar uma reunião.

– Tentei muitas vezes, mas a secretária disse-me que ele tinha de aprovar a reunião. Ela nunca me retribuiu a chamada, por muito que o tentasse. Na verdade, acho que ele nem sequer recebeu as minhas mensagens.

– Tenho a certeza de que as recebeu. Talvez a sua Alteza tenha motivos para não contactar consigo?

– Rashid.

Ao ouvir uma voz grave, ambos viraram a cabeça. Darcy ficou espantada ao ver um homem com uma vestimenta árabe. Tinha os traços do seu rosto bem gravados na memória, embora a última vez que os vira lhe tivesse partido o coração.

Curiosamente, apesar de tudo, o seu instinto foi recebê-lo com familiaridade.

«Zafir…»

Por sorte, controlou o seu impulso a tempo. O olhar dos seus olhos pretos era penetrante. Ela tremeu e percebeu que, embora parecesse um pouco mais velho, continuava a ser igualmente atraente e tinha a certeza de que tinha muito sucesso entre as mulheres.

«Também tem o cabelo mais comprido.»

O cabelo escuro e ondulado chegava por baixo dos seus ombros. A lembrança das suas madeixas sedosas entre os dedos fez com que ela desejasse acariciá-lo novamente.

– A jovem caiu do muro, Alteza – interveio o guarda-costas, num tom tremendamente protetor. – Magoou-se.

– Magoar-se é o que sabe fazer bem.

Magoada com o comentário, Darcy abriu a boca para protestar. Era ele que sabia magoar, não ela. Ou já se esquecera desse detalhe?

– O que estás a fazer aqui e porque entraste na minha propriedade?

– Vou dizer-te porquê… Porque não retribuías as minhas chamadas nem respondias às minhas mensagens. Nem sequer me deixaste marcar uma reunião para te ver. E sabes muito bem quantas vezes tentei. Este foi o meu último recurso. Sinceramente, preferia ter-te deixado em paz, mas tinha de te ver.

– Que eu saiba, nunca recebi essas mensagens.

– Estás a brincar? Como é possível que não as tenhas recebido? Disse à tua secretária que era urgente e confidencial. Porque não acreditou?

– Isso não importa agora… Se o que dizes é verdade, terei de investigar. Porque querias ver-me, Darcy? Não acreditaste quando te disse que não queria voltar a ver-te? Não podias esperar que saísse algo bom do nosso encontro.

Inclinou-se para ela e observou-a de forma acusadora.

– Há quanto tempo sabes que estou aqui?

– Descobri recentemente. Saiu um artigo no jornal.

– E pensaste que era a tua oportunidade de te vingares de mim pelo que aconteceu no passado?

– Não! – exclamou ela. – Esse não é o motivo por que queria encontrar-te, Zafir. Pensas que a minha intenção era chantagear-te de algum modo? Se for assim, não poderias estar mais enganado. – As lágrimas amontoaram-se nos seus olhos. Ela engoliu em seco e pestanejou, antes de continuar. – O artigo dizia que estás noivo e que vais casar-te.

– E, sem dúvida, queres felicitar-me, não é?

– Não brinques com o meu sofrimento. – Cruzou os braços, indignada. Ao mexer-se, sentiu dor no tornozelo e queixou-se.

Olhou para ela, preocupado, e virou-se para o seu acompanhante.

– Doutor Eden. Por favor, dê água à jovem e dê uma olhadela ao tornozelo. Agora. Talvez esteja partido.

Darcy afastou o cabelo do rosto e olhou para ele.

– Ficavas contente se fosse assim, não é? – Agarrou na garrafa de água que lhe ofereciam e bebeu um bom gole.

Quando o xeque se levantou, olhou para ela com inquietação.

– Embora devessem castigar-te pelo que me fizeste, não me alegra nada que te tenhas magoado. E mais uma coisa – disse, enquanto o médico se baixava para lhe examinar o tornozelo: – Não me chames Zafir. O uso do meu nome só é permitido a um círculo seleto de familiares e amigos. Sem dúvida, menina Carrick, devia dirigir-se a mim de acordo com a hierarquia do meu cargo… É minha subordinada.

O seu tom furioso fez com que Darcy sentisse um aperto no coração e vontade de chorar.

Houvera uma época em que amara mais aquele homem do que a sua própria vida. No entanto, parecia que ele a odiava e tudo porque acreditara nas mentiras rancorosas do seu irmão…

– Embora não precise de fazer uma radiografia, diria que tem uma entorse severa, menina Carrick.

Ao ouvir o diagnóstico do médico, alegrou-se por a situação não ser tão grave como receava. Suspirou, aliviada, mas franziu imediatamente o sobrolho. A quem tentava enganar? A situação era muito grave. Suspeitava que Zafir não tencionava deixá-la impune por ter entrado na sua propriedade. Era o filho mais velho da família que governava o reino de Zachariah e, portanto, não só era um homem importante, mas também poderoso. Além disso, ela sabia que, se o seu motivo não tivesse sido comunicar que tinha um filho dele, um herdeiro, nunca teria tentando vê-lo novamente.

– Devia levá-la para a residência para poder tratar do tornozelo – acrescentou o médico.

– Vou buscar a maca, Alteza – ofereceu-se o guarda-costas que a ajudara primeiro.

– Isso não será necessário, Rashid – replicou Zafir. – Eu próprio levo a menina Carrick até à casa.

Darcy quase se queixou por a tratar como se fosse um pacote. Noutra altura, quando fantasiara com a ideia de se encontrar novamente com Zafir e ter uma conversa a respeito do que acontecera realmente, era algo completamente diferente. O homem caloroso e divertido para quem trabalhara e por quem se apaixonara era uma pessoa completamente diferente do desconhecido frio que tinha à sua frente.

Mordendo o lábio inferior, Darcy murmurou:

– Acho que prefiro arrastar-me.

Darcy não sabia se Zafir a ouvira, mas, imediatamente, pegou nela ao colo.

– Espero que não tenhas um cúmplice nesta aventura. Se o tinhas, está claro que já se foi embora. Talvez tenha descoberto que não és tão encantadora como parecia e tenha aproveitado a primeira oportunidade para se ir embora.

Darcy decidiu não responder ao seu comentário e engolir a dor que lhe causava que ele pensasse que estivera com outro homem e que a abandonara.

Sem mais preâmbulos, dirigiu-se para a casa com o médico. Rashid foi atrás deles, atento, para o caso de surgir algum outro imprevisto.

Darcy não pôde evitar pensar em como era íntimo estar entre os braços de Zafir, apesar de saber que ele não sentia o mesmo.

 

 

Zafir tinha o coração muito acelerado quando deixou Darcy sobre o sofá do escritório. Nem sequer nos seus sonhos mais selvagens pensara que teria a oportunidade de voltar a abraçá-la daquela forma. Há quatro anos, quando a fizera desaparecer da sua vida, prometera que nem sequer voltaria a pensar nela. No entanto, sempre soubera que estava a mentir. Gostasse ou não, a imagem do rosto daquela bela mulher estava gravada no seu coração. E ao ver o olhar dos seus olhos azuis, apercebeu-se de que ainda tinham a capacidade de o cativar.

No entanto, seria idiota se se esquecesse por um instante de que aquela mulher o traíra.

Se a sua relação tivesse progredido, ter-lhe-ia dado tudo, para além de amor eterno e de fidelidade, mas ela destruíra tudo ao seduzir às escondidas e tentar deslumbrar o seu irmão.

O comportamento dela fora inexplicável. Era evidente que, para ela, a fidelidade era apenas um jogo. Com aquela cara angélica e as suas armas de mulher, podia levar a sua avante com qualquer homem. Xavier, o irmão de Zafir, avisara-o mais de uma vez do que ela era capaz, embora Zafir soubesse que o irmão gostava de alterar a verdade de vez em quando.

No entanto, como podia não acreditar quando vira com os seus próprios olhos?

Depois daquele incidente, Xavier apressara-lhe a dar-lhe detalhes a respeito de como Darcy era realmente e contara-lhe que vira como Darcy funcionava no banco que a família possuía antes de Zafir se transformar no diretor da sucursal de Londres.

A cena que presenciara pusera fim a todas as suas esperanças. Encontrara Darcy a dar um abraço apaixonado ao irmão Xavier.

Ao vê-lo a entrar na sala, afirmara que não fizera nada de mal. Insistira que tentara livrar-se de Xavier, em vez de o ter abraçado de forma voluntária. Que o irmão de Zafir a incomodava, que o fazia há meses e que devia ser ele a ser castigado.

– Diz à empregada para trazer alguma coisa para beber para a minha visita inesperada – pediu Zafir a Rashid, sem perder Darcy de vista. – O que prefere, menina Carrick? Chá ou café?

– Nada.

Zafir apercebeu-se de que o olhar de Darcy transmitia nervosismo e, curiosamente, sentiu-se incomodado com isso. Estava preocupada com a hipótese de chamar a polícia e de a acusar de invasão de propriedade? Não tinha motivo algum para não o fazer. Não importava o que acontecera entre eles no passado, não tinha nenhuma dívida com ela.

– Só quero saber o que tencionas fazer a respeito de tudo isto – redarguiu ela, com nervosismo.

– Peço desculpa por interromper, Alteza – interveio o doutor Eden, antes de se aproximar do sofá onde Darcy estava deitada. – Independentemente do que decidir, aconselho-lhe que, primeiro, levemos a menina Carrick ao hospital para que possam fazer uma radiografia.

Zafir assentiu e tirou o telemóvel do bolso interior da túnica árabe que usava. Marcou o número de telefone direto de um dos melhores hospitais de Londres e chamou uma ambulância. Darcy estava corada e mal conseguia manter os olhos abertos. Havia a possibilidade de desmaiar.